Educação • 07:33h • 28 de agosto de 2025
Ruído, má acústica e esforço vocal elevam problemas de voz em docentes no Brasil
Pesquisas revelam que más condições acústicas, falta de hidratação e carga horária intensa elevam risco de lesões na voz. Veja as medidas de prevenção e cuidado
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Midiaria | Foto: Divulgação

Logo após o retorno das aulas em agosto de 2025, a saúde vocal dos professores volta a ser tema de preocupação. Estudos indicam que até 80% dos docentes sofrem com algum distúrbio vocal, sendo a disfonia o mais comum. Caracterizada por rouquidão, fadiga ao falar e alterações no tom ou volume da voz, a condição é significativamente mais frequente entre professores do que na população em geral. Em muitos casos, os sintomas levam ao afastamento temporário das salas de aula, comprometendo não apenas o bem-estar do docente, mas também a continuidade do processo educacional.
Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) reforça esse cenário e aponta a má acústica das salas de aula, aliada ao ruído dos estudantes, como as principais causas do esforço vocal contínuo. Essa sobrecarga, quando constante, resulta em lesões como nódulos e pólipos nas cordas vocais. A pesquisa conclui que a questão não é individual, mas estrutural, e exige mudanças nos ambientes escolares, como melhor tratamento acústico e uso de microfones.
A situação se agrava diante de outros fatores ocupacionais. Um levantamento realizado pela UNIMONTES em 2023 mostrou que cerca de um terço dos professores relatou quatro ou mais sintomas vocais, com risco 40% maior entre os que praticam pouca atividade física. Já dados da UFMG indicam que um em cada três docentes percebe limitação em seu trabalho por causa da voz, sobretudo em centros urbanos com maior nível de ruído e exigência emocional.
Segundo a otorrinolaringologista Dra. Adriana Hachiya, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), o esforço vocal constante e padrões inadequados de uso da voz favorecem lesões causadas por fonotrauma. “O professor precisa enxergar a voz como sua principal ferramenta de trabalho. Lesões como inflamações, nódulos e pólipos podem ser prevenidas com cuidados básicos”, explica.
Entre as medidas recomendadas pela especialista estão: aquecimento e desaquecimento vocal orientados por fonoaudiólogo, evitar gritos e esforço em ambientes barulhentos, manter hidratação adequada, reduzir a exposição a ar-condicionado, evitar o tabagismo e refeições pesadas antes das aulas, além de investir em atividade física regular. Dados mostram que professores ativos têm até 40% menos prevalência de sintomas vocais.
A saúde vocal dos docentes, portanto, deve ser encarada como questão de saúde ocupacional. Prevenção e medidas estruturais nas escolas são fundamentais para garantir que os professores possam desempenhar sua função sem comprometer a própria qualidade de vida.
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