Saúde • 10:03h • 11 de junho de 2025
Alcoólicos Anônimos faz 90 anos e tem adesão cada vez maior de mulheres
Número de reuniões com mulheres aumentou mais de 40% após pandemia
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Brasil | Foto: Alcóolicos Anônimos/Divulgação

Na terça-feira (10), completou cinco anos desde que a pernambucana I.F., de 42 anos, decidiu buscar ajuda. Naquele dia, viu uma reportagem sobre os Alcoólicos Anônimos (AA), que completava 85 anos em 2020. As histórias a tocaram profundamente. Ela buscou informações, pegou um número de contato e entrou em uma reunião virtual só para mulheres.
“Acordei e comecei a beber de manhã. Era pandemia. Eu já vinha enfrentando uma separação e, quando percebi, estava dependente”, lembra.
Hoje, ela afirma que a convivência com outras mulheres em situação semelhante mudou sua vida. “Sirvo a mulheres em vulnerabilidade, como eu estava”, diz. Para ela, o acolhimento foi decisivo: “Ouvi-las falar foi o ponto-chave. A participação no grupo me salvou da destruição”. I.F. também participa de reuniões mistas.
Com 90 anos de existência, o AA registra aumento na presença feminina: o número de reuniões voltadas a mulheres cresceu 44,7% após a pandemia. Atualmente, são cerca de 65 encontros femininos, presenciais e virtuais.
Criado em 1935 nos Estados Unidos, o AA é uma irmandade gratuita que reúne pessoas para compartilhar experiências e apoiar a recuperação do alcoolismo. Segundo Lívia Pires Guimarães, presidente da Junta de Serviços Gerais do AA no Brasil, o alcoolismo entre mulheres é subnotificado e carregado de estigmas. “Muitas bebem em casa, longe dos olhos da sociedade”, afirma. A abertura das reuniões virtuais durante a pandemia facilitou o acesso feminino à rede de apoio.
As reuniões são organizadas pelos próprios membros. “São eles que pensam, idealizam e fazem acontecer”, explica Lívia.
Histórias de superação
R.S., de 61 anos, do Piauí, está há 33 anos sem beber. Provou álcool pela primeira vez aos seis, influenciado por um pai dependente. Na adolescência, perdeu o controle. “No primeiro emprego, gastei todo o salário com bebida”, lembra. Aos 28, em crise, procurou ajuda com um colega. Foi o início de uma nova vida: casou, teve um filho e concluiu pós-graduação.
Outro exemplo é Natali, 67, de São Paulo. Começou a beber aos 13, após a morte do pai. Aos 21, perdeu a noiva e mergulhou ainda mais no vício. Em 1999, entrou para o AA. “Muda tudo depois que você descobre o caminho da sobriedade. Você volta a ser quem sempre foi, mas o álcool escondia”, diz.
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