Saúde • 09:21h • 12 de julho de 2025
Alergia atenção para o subdiagnóstico
Com prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível melhorar a qualidade de vida e evitar mortes
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Gov | Foto: Arquivo Âncora1

Você sabia que cerca de 30% dos brasileiros convivem com algum tipo de alergia? O dado é da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) e reforça a importância de falar sobre o tema no dia 8 de julho, Dia Mundial da Alergia. A condição, que resulta de uma hipersensibilidade do sistema imunológico, pode causar desde espirros e coceiras até sintomas mais graves, como náuseas, desmaios e até risco de morte.
Apesar da alta prevalência, muitas alergias ainda são subdiagnosticadas no país. Entre os motivos, estão a semelhança dos sintomas com outras doenças, a falta de acesso a especialistas e a indisponibilidade de testes precisos. Para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), ligada ao Ministério da Educação, o diagnóstico precoce e o tratamento correto são fundamentais para garantir qualidade de vida.
Inovação brasileira no diagnóstico de alergia rara
Nos hospitais universitários, que atuam como centros de formação e pesquisa, novas abordagens vêm sendo desenvolvidas para diagnosticar e tratar doenças alérgicas. Um exemplo é a técnica criada no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ/Ebserh), no Rio de Janeiro, para detectar Urticária Colinérgica — uma condição rara e debilitante, que impede o paciente de se expor a calor ou realizar atividades físicas.
O alergologista Guilherme Azizi, um dos idealizadores do novo método junto com a professora Solange Valle, explica que os pacientes desenvolvem lesões que coçam e doem, prejudicando a qualidade de vida e podendo desencadear transtornos como ansiedade, depressão e até ideação suicida.
A inovação, batizada de Teste Azizi-Valle, propõe uma alternativa simples e acessível aos métodos tradicionais, que exigiam uso de bicicletas ergométricas ou banheiras com água aquecida. Agora, basta uma escada de 13 degraus para realizar o exame. O paciente sobe e desce os degraus aumentando gradualmente a velocidade, sob orientação médica, até elevar a frequência cardíaca e simular o aumento da temperatura corporal.
“O teste é eficaz, de baixo custo e pode ser aplicado tanto em grandes centros quanto em localidades do interior, públicas ou privadas”, destaca Azizi.
Tipos de alergia e diagnóstico
As alergias mais comuns são respiratórias, cutâneas, alimentares e medicamentosas. Em todas elas, o organismo reage de forma exagerada, liberando substâncias como a histamina, que provocam sintomas que variam de leve a grave.
No Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR/Ebserh), reconhecido pela Organização Mundial de Alergia, o atendimento inclui casos de alergia medicamentosa — que pode surgir segundos ou horas após a ingestão do medicamento, principalmente antibióticos e anti-inflamatórios.
“Os sinais podem ser manchas vermelhas na pele, inchaço nos olhos ou lábios, tosse, falta de ar, vômitos e até queda de pressão. Em casos graves, há risco de choque anafilático, que pode levar à morte”, alerta o alergologista Heberto Chong.
O diagnóstico se baseia em uma boa anamnese, observando a ingestão do remédio e o surgimento dos sintomas. Existem exames complementares, como dosagens sorológicas, mas o teste de provocação, feito em ambiente hospitalar, ainda é o padrão ouro.
É importante diferenciar alergia de intolerância medicamentosa: a intolerância não envolve o sistema imunológico, enquanto a alergia está ligada à produção de anticorpos do tipo IgE. O tratamento, nesses casos, inclui corticoides, anti-histamínicos e a suspensão definitiva do medicamento causador.
Prevenção começa cedo
Fatores genéticos influenciam diretamente o desenvolvimento de alergias, mas o ambiente também tem papel essencial. Poeira, mofo, alimentos, produtos químicos e contato com a natureza podem afetar (positiva ou negativamente) o sistema imunológico.
De acordo com a médica Maria Rita Ferreira Meyer, do Hospital Universitário da UFSC (HU-UFSC/Ebserh), o aleitamento materno exclusivo até os seis meses e mantido até os dois anos de idade reduz o risco de alergias futuras.
“O contato com a natureza, com animais e a introdução alimentar variada também são importantes para estimular a imunidade e prevenir alergias”, afirma a especialista.
Vacina para alergia: tratamento que muda o curso da doença
A Imunoterapia Alérgeno-específica — popularmente conhecida como vacina para alergia — é o único tratamento capaz de modificar a chamada história natural da doença.
Segundo Maria Rita, esse tipo de imunoterapia atua no sistema imunológico, reduzindo a produção de anticorpos que causam reações alérgicas e promovendo tolerância.
“Os efeitos são duradouros, embora não possamos falar em cura, já que o fator genético não muda. Mesmo assim, o tratamento melhora bastante a qualidade de vida e reduz os sintomas a longo prazo”, conclui.
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