Educação • 08:19h • 02 de outubro de 2025
Alimentação escolar brasileira vira referência para o mundo, afirma especialista
Refeições atendem inclusive alunos com restrições alimentares
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Brasil | Foto: Fernando Luiz Venâncio/Arquivo pessoal
“O Brasil não gosta de se autoelogiar”. Com essa frase, Daniel Balaban, diretor do Programa Mundial de Alimentos da ONU no Brasil, resume a importância do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), reconhecido internacionalmente como um dos maiores e mais eficientes do mundo. Criado há 70 anos, o programa ganhou destaque a partir de 2009, quando a lei passou a exigir cardápios mais completos, substituindo ultraprocessados por refeições balanceadas, supervisionadas por nutricionistas e conectadas à cultura alimentar local.
Na prática, isso transformou a rotina de escolas como a Johnson, em Fortaleza (CE), onde mais de 400 alunos recebem diariamente três refeições preparadas por Fernando Luiz Venâncio e sua equipe. O cardápio inclui pratos típicos como baião de dois e creme de galinha, sempre adaptados para atender a todos os estudantes, inclusive aqueles com restrições alimentares.
O impacto do Pnae vai além das salas de aula. Agricultores familiares, como Marli Oliveira, em Ocara (CE), destinam parte da produção diretamente para as escolas, garantindo renda e estimulando a economia local. Estudos mostram que cada R$ 1 investido no programa gera até R$ 1,66 de retorno na pecuária e R$ 1,52 na agricultura. A participação da agricultura familiar, hoje em 30%, pode chegar a 45% a partir de 2026.
O modelo brasileiro também inspira outros países. Durante a 2ª Cúpula da Coalizão Global pela Alimentação Escolar, em setembro, mais de 90 nações trocaram experiências. São Tomé e Príncipe, por exemplo, formou nutricionistas com apoio do Brasil e adotou práticas de valorização de alimentos locais.
Atualmente, o Pnae atende 40 milhões de estudantes da creche ao EJA, garantindo a principal refeição do dia para muitos deles e ajudando o Brasil a sair do Mapa da Fome da ONU.
Apesar dos avanços, os desafios persistem. O orçamento federal de R$ 5,5 bilhões em 2025 ainda é considerado insuficiente. Municípios e estados muitas vezes não complementam os repasses, e metade dos nutricionistas ouvidos pelo Observatório da Alimentação Escolar relatam dificuldades para cumprir as metas nutricionais devido à falta de estrutura, recursos e pessoal.
Para especialistas como Albaneide Peixinho, presidente da Associação Brasileira de Nutrição e ex-coordenadora do Pnae, ainda é preciso superar a visão de que a alimentação escolar é apenas “merenda”. “Esse é um programa pedagógico de promoção à saúde. Formar hábitos alimentares saudáveis é tão importante quanto oferecer refeições completas”, defende.
O Pnae é referência mundial, mas seu fortalecimento depende de investimento contínuo e da valorização da alimentação escolar como parte essencial da educação e do combate à insegurança alimentar no Brasil.
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