Mundo • 10:19h • 28 de julho de 2025
Apagão no currículo desafia mulheres que se dedicaram à família a recomeçarem do zero
Dedicação exclusiva à família deixa lacunas profissionais, alimenta preconceitos e dificulta reconquista da autonomia financeira, principalmente após separações
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Divulgação

O afastamento profissional para cuidar da casa e dos filhos, prática comum entre mulheres brasileiras, tem gerado o chamado “apagão no currículo”. Essa lacuna, que não aparece em folhas de pagamento nem em descrições de experiência profissional, escancara a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Segundo o IBGE, mulheres dedicam, em média, 21,3 horas semanais às tarefas domésticas e cuidados familiares, quase o dobro do tempo dos homens. Ainda assim, esse esforço permanece invisível para recrutadores e para a sociedade.
Esse apagão compromete não só o retorno dessas mulheres ao mercado de trabalho, como também sua autonomia financeira, especialmente após separações. De acordo com o advogado Renê Freitas, especialista em direito de família, muitas dessas mulheres precisam recomeçar do zero. “Elas ainda seguem como responsáveis primárias pelos filhos, mesmo depois do divórcio, o que dificulta ainda mais a recolocação”, afirma. Etarismo, desatualização técnica e o preconceito por serem mães agravam a situação.
Frente a esse quadro estrutural, a Justiça tem reconhecido a pensão alimentícia como um instrumento de transição para quem dedicou anos exclusivamente à família. A medida visa garantir um período de reestruturação para que a mulher tenha tempo e condições de retomar sua trajetória profissional. “O direito à pensão reconhece o trabalho de cuidado como fundamental para a estrutura familiar. Não se trata apenas de assistência, mas de garantir condições reais para recomeçar”, reforça Freitas.
Prevista nos artigos 1.694 a 1.710 do Código Civil, a pensão entre ex-cônjuges é avaliada com base na necessidade de quem solicita e na possibilidade de quem paga. Embora temporária na maioria dos casos, pode ser estendida conforme critérios como idade, saúde e tempo de convivência. Ainda assim, muitos homens resistem ao pagamento, questionando a legitimidade do pedido. “Há uma negação da contribuição da mulher na construção do lar. Sem esse reconhecimento, ela fica vulnerável a endividamento, insegurança alimentar e sobrecarga emocional”, conclui Freitas.
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