Saúde • 10:51h • 13 de julho de 2025
Automedicação mata 20 mil por ano no Brasil e ameaça saúde pública
Especialistas alertam para riscos de intoxicação, reações alérgicas e resistência a antibióticos em quem toma remédios sem orientação médica
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Bowler Assessoria | Foto: Divulgação

Tomar por conta própria um remédio que já foi receitado antes para uma dor de cabeça ou um desconforto muscular pode parecer inofensivo, mas é um hábito que esconde riscos sérios para a saúde. Segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), a automedicação causa cerca de 20 mil mortes por ano no Brasil, sendo considerada um problema de saúde pública pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“O brasileiro tem o costume de recorrer a remédios que funcionaram antes para problemas corriqueiros como febre, azia ou dores no corpo. Mas sem a orientação de um especialista, a medicação pode causar intoxicação, reações adversas e até agravar doenças pré-existentes”, explica Thiago Mattos, gerente médico das emergências do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), da Rede Américas.
Em 2023, um levantamento da Anvisa registrou mais de 30 mil casos de intoxicação medicamentosa no Brasil relacionados à automedicação com medicamentos comuns, como anti-inflamatórios, analgésicos e antialérgicos. Entre os efeitos colaterais mais graves estão alergias severas, hemorragias gástricas e insuficiência renal aguda.
O risco de mascarar sintomas importantes
Para Daniela Malta, coordenadora da Emergência do Hospital São Lucas Copacabana, também da Rede Américas, outro risco frequente da automedicação é que ela pode esconder sintomas importantes, atrasando diagnósticos de doenças mais graves. “Os danos dessa prática também se acumulam ao longo do tempo. O organismo pode desenvolver resistência a medicamentos, principalmente antibióticos, o que dificulta tratamentos de infecções que antes eram simples”, alerta.
A resistência bacteriana, cada vez mais comum, é um exemplo claro desse problema: pessoas que usam antibióticos sem indicação médica podem acabar enfrentando infecções mais graves e difíceis de tratar.
Danos ao fígado e aos rins
O uso frequente e sem acompanhamento médico de medicamentos também sobrecarrega órgãos responsáveis por sua metabolização e eliminação. O fígado, ao processar os remédios, pode sofrer danos que evoluem para hepatite medicamentosa. Já os rins, encarregados de filtrar as substâncias do organismo, podem perder progressivamente a função, o que, em casos graves, pode exigir tratamentos como hemodiálise.
Como se prevenir
Para evitar esses riscos, especialistas reforçam a importância de sempre buscar orientação médica antes de tomar qualquer remédio — mesmo os que parecem “inofensivos”. Seguir a dosagem correta, o tempo de uso indicado e as instruções da bula também são cuidados essenciais para garantir segurança e eficácia no tratamento.
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