Ciência e Tecnologia • 10:14h • 26 de fevereiro de 2025
Butantan inaugura complexo para conservação e educação
Nova sede do LEEv tem áreas expositivas com enfoque em serpentes ameaçadas de extinção, além de um recinto que será dedicado à preservação da jararaca-ilhoa
Agência SP | Foto: André Ricoy/Instituto Butantan

O Laboratório de Ecologia e Evolução (LEEv) do Instituto Butantan inaugura sua nova sede, um espaço com mais de mil metros quadrados dedicado à conservação de serpentes ameaçadas de extinção, especialmente as nativas de ilhas litorâneas brasileiras. A partir desta terça-feira (25), o público do Parque da Ciência Butantan poderá conhecer essa iniciativa inovadora por meio de visitas guiadas. Durante o tour, os visitantes terão a oportunidade de observar de perto o primeiro criadouro científico com fins conservacionistas do Brasil, enquanto percorrem passarelas elevadas que permitem uma visão privilegiada da Mata Atlântica e dos cientistas em atividade.
O complexo está inserido em um ambiente de floresta e é composto por quatro blocos de pesquisa independentes, todos projetados com janelas estrategicamente posicionadas para promover a interação com o público. O espaço abriga um recinto exclusivo para a jararaca-ilhoa (Bothrops insularis), um reptário destinado à manutenção de quelônios e lagartos, além de um viveiro com diversas espécies de serpentes, como a caninana (Spilotes pullatus). No total, mais de 20 espécies de répteis estarão acessíveis para observação.
“Nosso desafio é continuar realizando pesquisas de alto nível, ao mesmo tempo em que promovemos atividades educativas que transmitam ao público o que está sendo desenvolvido aqui. Nosso foco principal é a preservação ambiental e da biodiversidade, aliada às melhores práticas de manejo para garantir o bem-estar animal”, afirma o diretor do LEEv, Paulo Nico Monteiro.
Os interessados em conhecer essa nova atração devem agendar sua visita pelo site do Parque da Ciência. As visitas ocorrerão de terça a sexta-feira, em quatro horários diários (10h, 11h, 14h e 15h), sempre acompanhadas por técnicos e educadores do LEEv, que compartilharão informações sobre a biologia das espécies, sua importância ecológica e os desafios de sua conservação.
O Percurso da Visita
A estrutura do LEEv conta com passarelas que interligam os quatro blocos do complexo. O tour começa no Bloco 1, onde os visitantes encontrarão cerca de dez terrários científicos com diferentes espécies de serpentes, incluindo a jararaca-ilhoa (Bothrops insularis), endêmica da Ilha da Queimada Grande (SP), e a jararaca-de-alcatrazes (Bothrops alcatraz), nativa do Arquipélago de Alcatrazes.
No Bloco 2 estão localizados os escritórios administrativos, além de parte da equipe de pesquisadores e alunos do LEEv. O Bloco 3 abriga a sala de bem-estar animal, um espaço especialmente preparado para até cinco jiboias (Boa constrictor), onde serão demonstradas boas práticas de manejo. “Queremos mostrar que os répteis também merecem respeito e cuidado”, destaca Cristiane Pizzutto, veterinária do LEEv.
Recinto dos quelônios no LEEv possui espécies nativas e exóticas. Foto: Renato Rodrigues/Instituto Butantan
No Bloco 4, os visitantes terão acesso a um moderno laboratório de pesquisa, onde poderão observar cientistas em ação. Segundo Paulo Nico, a chegada de um espectrômetro de massa de última geração contribuirá para o aprofundamento dos estudos sobre serpentes ameaçadas e os impactos do estresse no manejo dos animais, resultando em aprimoramento das práticas de conservação.
Viveiro da Jararaca-Ilhoa
Na área final da plataforma principal do LEEv está localizado um inovador viveiro de 250 metros quadrados, dedicado à jararaca-ilhoa, atualmente em fase de finalização. O espaço foi projetado para recriar as condições naturais da Ilha da Queimada Grande, permitindo que os animais expressem seus comportamentos naturais, como o hábito arborícola. “Nosso compromisso é criar um ambiente que atenda plenamente às necessidades da espécie, garantindo sua qualidade de vida”, enfatiza Cristiane Pizzutto.
A jararaca-ilhoa, diferentemente da jararaca do continente, possui coloração amarelada, tamanho menor e alimenta-se de pequenas aves devido à ausência de roedores na ilha. A espécie representa um excelente exemplo para a discussão sobre evolução e especiação, sendo um caso de estudo para entender as mudanças genéticas decorrentes do isolamento geográfico.
De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a International Union for Conservation of Nature (IUCN), a jararaca-ilhoa está classificada como criticamente ameaçada de extinção. O viveiro representa um passo fundamental para sua conservação e estudo.
Arquitetura Premiada
A estrutura do LEEv foi projetada para minimizar intervenções no terreno, resultando na construção de quatro blocos suspensos por vigas metálicas que se assemelham a galhos de árvores. Essa solução inovadora rendeu ao projeto o Prêmio Talento Engenharia Estrutural 2023, promovido pela Gerdau em parceria com a Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE), na categoria "Pequeno Porte".
“O conceito do novo LEEv está alinhado com a proposta do Parque da Ciência, despertando a curiosidade do público, principalmente das crianças, que podem se tornar os cientistas do futuro”, conclui João Tadeu Foa, gerente de Arquitetura e Urbanismo do Butantan.
Informações sobre a Visita
Datas: Terça a sexta-feira (exceto feriados)
Horários: 10h, 11h, 14h, 15h (quatro sessões diárias)
Vagas: 20 visitantes por sessão
Inscrições: Pelo site do Parque da Ciência
Local: Laboratório de Ecologia e Evolução do Butantan, próximo ao Museu da Vacina
Endereço: Av. Vital Brasil, 1.500 (entrada do Parque da Ciência). O LEEv está localizado na Rua Adolfo Lutz, 1.100.
Aviso legal
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, integral ou parcial, do conteúdo textual e das imagens deste site. Para mais informações sobre licenciamento de conteúdo, entre em contato conosco.
Últimas Notícias
As mais lidas
Ciência e Tecnologia
Como se preparar para o primeiro apagão cibernético de 2025
Especialistas alertam para a necessidade de estratégias robustas para mitigar os impactos de um possível colapso digital