Mundo • 14:16h • 30 de maio de 2025
Censo revela que mais de 5% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos são autistas
Dados inéditos do IBGE mostram avanço nos diagnósticos, reforçam a importância da intervenção precoce e escancaram desafios no acesso ao atendimento especializado
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Agência Temma | Foto: Divulgação

O Brasil tem hoje 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o que representa 1,2% da população, segundo dados inéditos do Censo 2022, divulgados pelo IBGE. Essa é a primeira vez que o país contabiliza oficialmente o número de pessoas no espectro autista, graças à Lei nº 13.861/2019, que incluiu o TEA nas pesquisas censitárias.
O dado que mais chama atenção está na infância: mais de 5% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos estão no espectro autista. Segundo o levantamento, 3,8% dos meninos e 1,3% das meninas nessa faixa etária possuem diagnóstico. O aumento expressivo no número de diagnósticos revela não apenas um maior acesso à informação, mas também o crescimento na busca por avaliações e intervenções precoces.
O número também se aproxima dos dados dos Estados Unidos, onde o CDC aponta que 1 em cada 31 crianças está no espectro. No Brasil, a maior concentração de diagnósticos ocorre entre crianças de 5 a 9 anos (2,6%), seguida do grupo de 0 a 4 anos (2,1%), evidenciando que o diagnóstico precoce tem se tornado uma realidade mais presente.
Maioria dos estudantes com TEA está no ensino fundamental
O Censo também revela que a maioria dos estudantes autistas no Brasil está no ensino fundamental, somando 508 mil crianças e adolescentes, o que corresponde a 66,8% dos alunos diagnosticados. Além disso, a taxa de escolarização entre pessoas autistas é de 36,9%, superior à média nacional da população sem diagnóstico, que é de 24,3%.
Contudo, o levantamento evidencia uma realidade dura: embora o autismo não tenha relação com etnia, a maior parte das pessoas autistas se autodeclara branca (1,3%), seguida de amarela (1,2%), preta (1,1%), parda (1,1%) e indígena (0,9%). Isso reflete mais o acesso desigual ao diagnóstico do que a real distribuição do TEA entre a população.
Diagnosticar cedo faz toda a diferença
A intervenção precoce é um dos maiores aliados no desenvolvimento de crianças autistas. Quando o diagnóstico ocorre na primeira infância (até 6 anos), o cérebro tem maior plasticidade para desenvolver habilidades sociais, de comunicação e de autonomia. Estudos mostram que intervenções nessa fase podem melhorar em até 40% os resultados cognitivos e adaptativos.
O acompanhamento deve ser sempre multidisciplinar, envolvendo fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia com base na análise do comportamento (ABA), uma abordagem recomendada mundialmente. Essas terapias ajudam as crianças a desenvolverem habilidades para o convívio social, a comunicação e a autonomia.
Por outro lado, o acesso a esses serviços ainda é um dos principais desafios enfrentados pelas famílias, especialmente em regiões do interior. A falta de profissionais especializados, vagas em serviços públicos e o alto custo de terapias privadas são barreiras que precisam ser enfrentadas por meio de políticas públicas mais robustas.
Caminho para o futuro
O aumento dos diagnósticos não significa que há mais pessoas autistas hoje, mas que há mais informação, mais busca e mais visibilidade. Isso também traz à tona a necessidade urgente de investimento em saúde, educação inclusiva e capacitação de profissionais em todo o Brasil.
O Censo 2022 é um marco que dá visibilidade a milhões de brasileiros que, até então, estavam invisíveis nas estatísticas. Agora, cabe ao poder público, à sociedade e às famílias unirem esforços para transformar esses números em inclusão, acolhimento e oportunidades.
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