Saúde • 19:43h • 19 de dezembro de 2025
Com nova liberação terapêutica, odontologia ganha espaço no cuidado da apneia do sono
Liberação do Monjauro como terapia auxiliar reforça abordagem multidisciplinar e papel da odontologia na saúde sistêmica
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Lara Assessoria | Foto: Divulgação
A apneia obstrutiva do sono já afeta entre 33% e 40% dos adultos brasileiros, segundo levantamentos epidemiológicos nacionais e internacionais, e segue amplamente subdiagnosticada no país. Em novembro de 2025, a liberação do uso do medicamento Monjauro como terapia auxiliar reacendeu o debate sobre o tratamento integrado da doença e ampliou o reconhecimento do papel da odontologia no manejo clínico do distúrbio respiratório.
A condição está associada a impactos relevantes no sistema cardiovascular, metabolismo, memória, humor e desempenho cognitivo. Estudos indicam que, em homens acima dos 40 anos, cerca de 45% apresentam algum grau de apneia. Entre mulheres após a menopausa, a prevalência varia de 30% a 35%. Já os casos moderados e graves atingem de 10% a 20% da população adulta.
Segundo a dentista formada pela USP, empresária e mentora de profissionais da saúde Sabrina Balkanyi, o avanço regulatório fortalece a atuação do cirurgião-dentista em um campo historicamente associado apenas à medicina do sono. “A apneia é uma doença sistêmica, não restrita ao sono. Dentistas capacitados identificam sinais clínicos, participam do diagnóstico complementar e atuam no tratamento com dispositivos intraorais que ajudam a manter as vias aéreas abertas durante a noite”, explica.
Nos consultórios odontológicos, sintomas como ronco intenso, cefaleia matinal, boca seca, irritabilidade, sonolência diurna e queda de desempenho cognitivo costumam ser os primeiros indícios relatados pelos pacientes. A partir dessa observação clínica, o dentista pode encaminhar para exames específicos e integrar o cuidado com pneumologistas e otorrinolaringologistas.
Intervenções para tratamento
Uma das principais intervenções realizadas pela odontologia é a adaptação de aparelhos intraorais personalizados, que reposicionam a mandíbula e a língua, favorecendo a passagem de ar durante o sono. A literatura científica aponta bons resultados em pacientes com apneia leve a moderada ou naqueles que não se adaptam ao uso do CPAP.
“A atuação odontológica não substitui outras terapias, mas complementa. Quando o tratamento mecânico é associado a mudanças de estilo de vida, higiene do sono e, agora, a terapias auxiliares autorizadas, os resultados tendem a ser mais consistentes”, avalia Sabrina.
O avanço ocorre em um cenário de subdiagnóstico. Pesquisas indicam que a maioria das pessoas com apneia desconhece a própria condição, apesar dos sintomas persistentes e do risco aumentado de hipertensão, arritmias, AVC, resistência à insulina e acidentes relacionados à sonolência.
Para a especialista, a ampliação do papel do dentista reflete uma mudança estrutural na profissão. “O consultório deixou de ser apenas um espaço voltado à estética ou restauração. A odontologia integra hoje o cuidado com a saúde global do paciente, identificando riscos, orientando tratamentos e acompanhando casos complexos em conjunto com outras especialidades”, afirma.
A tendência, segundo ela, é de maior integração multiprofissional e atualização clínica contínua, acompanhando o crescimento dos distúrbios do sono e a demanda por diagnósticos mais precoces. “O ganho é coletivo: melhora a qualidade de vida do paciente e reduz os impactos de diagnósticos tardios sobre o sistema de saúde”, conclui.
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