Saúde • 07:37h • 15 de outubro de 2025
Saiba como é feita a análise que detecta intoxicação por metanol em SP
Da coleta rápida nas unidades de saúde à análise em laboratório da USP, processo dá agilidade e precisão na confirmação de casos suspeitos
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência SP | Foto: Governo de SP

O trabalho laboratorial para confirmar ou descartar casos de intoxicação por metanol em São Paulo é parte fundamental da estratégia do governo estadual para enfrentar os efeitos de bebidas adulteradas. Até sexta-feira (10), 189 casos foram descartados após análises clínicas, enquanto 25 foram confirmados. O processo envolve desde a coleta de amostras em unidades de saúde até a análise no Laboratório de Toxicologia Analítica Forense (Latof) da USP em Ribeirão Preto, reconhecido por sua expertise e rapidez na identificação dos casos.
O Gabinete de Crise do Governo de São Paulo coordena todas as ações de enfrentamento à intoxicação por metanol.
Coleta e análise das amostras
Quando um paciente apresenta sintomas compatíveis com intoxicação por metanol — como tontura, dores abdominais intensas e confusão mental — são coletadas amostras de sangue e urina. A ingestão de 10 ml pode causar lesões no nervo óptico, e doses de 30 ml ou mais podem ser letais.
A coleta rápida é essencial, já que o metanol possui meia-vida de cerca de 24 horas. Segundo o professor de Química da USP, Bruno de Martinis, “se a amostra for colhida dias depois, o metanol pode já ter sido eliminado do organismo. Por isso, a coleta e o congelamento imediato são fundamentais”.
As amostras seguem para o laboratório da USP, onde passam por cromatografia em fase gasosa com sistema headspace, que separa os compostos presentes no sangue, urina ou tecidos. O método garante resultados em até uma hora e alta precisão, evitando contaminação e perdas.
O preparo da amostra leva cerca de 10 minutos, e a análise, entre 30 e 40 minutos. O equipamento processa várias amostras de forma contínua, gerando gráficos que indicam a presença e concentração de metanol, etanol e outros compostos, diferenciando intoxicação química de embriaguez comum. O limite de segurança do laboratório é de 100 mg/L, abaixo do ponto de risco definido em 200 mg/L, garantindo que nenhum caso positivo passe despercebido.
Atendimento e antídoto
As coletas continuam em unidades de saúde por todo o estado. O socorro dentro de 6 horas após o início dos sintomas é essencial para evitar agravamento e sequelas. O Estado mantém estoque do álcool etílico absoluto (etanol 99,9%), usado como antídoto, disponível em unidades de referência. O atendimento inclui administração do antídoto, exames laboratoriais e avaliação oftalmológica.
Atualmente, o estoque de álcool etílico absoluto foi reforçado para 5,5 mil ampolas, garantindo suporte técnico e médico em casos de intoxicação. Paralelamente, há ações de fiscalização e conscientização em parceria com o setor de bebidas, incluindo treinamentos, campanhas educativas e propostas de endurecimento das regras contra falsificação.
Análise de bebidas apreendidas
A Polícia Científica de São Paulo utiliza tecnologia avançada para investigar bebidas adulteradas. Cada garrafa apreendida passa por verificação de rótulos, selos e lacres no Núcleo de Documentoscopia e por análises químicas no Núcleo de Química, identificando e quantificando níveis de metanol. O procedimento garante materialidade jurídica às investigações e contribui para responsabilização dos envolvidos.
Investigações e denúncias
A Polícia Civil atua nas investigações e, recentemente, apreendeu mais de 21,4 mil garrafas suspeitas de adulteração. Em 2025, o total de apreensões chega a 71,4 mil, com 51 prisões, incluindo 30 ocorridas nos últimos dias, entre elas a de um homem apontado como principal fornecedor de insumos para falsificação.
Denúncias sobre bebidas adulteradas podem ser feitas pelo Disque Denúncia 181 ou pelo site www.webdenuncia.sp.gov.br .O Procon-SP também recebe relatos pelo Disque 151 e pelo site www.procon.sp.gov.br, que conta com atalho específico para casos relacionados ao metanol.
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