Conheça seis destinos no estado de SP onde é possível fazer turismo literário

No Dia Mundial do Livro, comemorado na última quarta-feira (23), nasceu Samanta Holtz, escritora de romance e natural de Porto Feliz (SP). Seu marido, Pablo Civitella, natural de Santo André (SP), é diretor executivo do Projeto Culturando, que tem a missão de valorizar os artistas do interior. Juntos, criaram uma atração literária e turística em Jumirim, a 167,5 km da capital paulista. É a Biblioteca Culturando, que reúne atividades culturais, como apresentações musicais, de dança e oficinas; um acervo literário diferente; produtos artesanais e contato com a natureza.

Idealizada pelo casal Samanta e Pablo, a Biblioteca é um braço do Projeto Culturando, que existe há 15 anos e tem a missão de valorizar os artistas locais e o interior de São Paulo. Para isso, o Projeto concorre em editais; promove concursos e lançamento de livros, entre outras ações.

“Em março de 2023, o Governo de SP abriu um edital, por meio da Secretaria de Cultura, Indústria e Economia Criativas (Secult) para instalar bibliotecas no Estado. Então, como a sede do Projeto Culturando fica em Jumirim, pensamos: e se abríssemos a Biblioteca no município?”, explica Pablo. “Felizmente, existem muitas bibliotecas nas cidades, na zona urbana. Então, por que não ter uma na zona rural? Com isso em mente, nos inscrevemos no edital e fomos um dos ganhadores”, comenta, feliz ao lembrar da trajetória.

Na inauguração da Biblioteca Culturando, autores consagrados marcaram presença, como Inácio Loyola Brandão, Walcyr Carrasco, Professor Maris (conferir), entre outros. “A Biblioteca tem um acervo em torno de mil livros e todos são de autores do interior do Estado de São Paulo. Somos a única biblioteca do estado com acervo 100% do interior”, Samanta destaca, com alegria na voz. “Para montar nosso acervo, fizemos uma ampla pesquisa e mapeamos os autores do interior paulista. Entramos em contato com eles para adquirir suas obras, e as reações foram de alegria, surpresa, felicidade. A ideia é justamente essa: que eles se sintam pertencentes, valorizados”, enfatiza Samanta.

Além disso, o espaço também surpreende os visitantes na organização, pois os livros estão catalogados por município, e não pelo nome do autor, como é o mais comum. Neste caso, o objetivo é valorizar o local. Hoje, visitar a Biblioteca Culturando é uma experiência completa, pois o visitante tem à sua disposição um acervo literário único no Estado, além de atrações que sempre se renovam, como concertos de viola, artesanatos, oficinas de pintura e de literatura e exposições artísticas. Tudo isso debaixo de um belo flamboyant (árvore de copa larga). Ainda, há lançamentos de livros com a presença dos autores, e o visitante pode ampliar seu leque de leitura.

O universo literário é responsável por transformar destinos do Brasil do mundo em verdadeiras potências do turismo. Com a Biblioteca Culturando, o município de Jumirim ganha mais um atrativo turístico. “O turismo é uma atividade que tem o poder de transformar a realidade de um destino e do viajante. O turismo literário é um segmento que demonstra isso e o Estado de São Paulo tem inúmeros atrativos para os leitores e visitantes do mundo todo”, disse Roberto de Lucena, secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo.

Tanto a entrada na Biblioteca, quanto as atividades são gratuitas e o espaço funciona uma vez por mês, com a programação cultural. Além disso, permite visitas mediante agendamento. Neste sábado, 26 de abril, acontece a próxima edição da Vila das Artes na Biblioteca Culturando, com diversas atividades. A programação completa pode ser conferida no Instagram: https://www.instagram.com/bibliotecaculturando/.

A força do turismo cultural e literário

Leitores viajam para conhecer a terra natal de um(a) autor(a), o local onde viveu, os cenários onde se passam a história, ou que inspiraram a obra. Alguns exemplos disso são: Londres, na Inglaterra, que inspirou J.K Rowling a criar a ambientação de Harry Potter e serviu como lar do detetive Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle; assim como as cidades de Salvador e Ilhéus, na Bahia, representadas nas obras de Jorge Amado. Em Amsterdam, na Holanda, turistas do mundo inteiro fazem fila para entrar na Casa de Anne Frank, o local citado no Diário da menina alemã onde ficava o Anexo Secreto, que serviu de esconderijo para oito pessoas de sua família durante dois anos, em meio à ocupação nazista no país (de maio de 1940 a maio de 1945).

Já em Lisboa, no bairro do Rato, está localizada a Casa Fernando Pessoa, cuja entrada do prédio está ornada, ao chão, com o mapa astrológico que o próprio escritor português fez para ele mesmo. Nos demais ambientes, estão um auditório, uma biblioteca referenciada com publicações do criador dos heterônimos em vários idiomas, um quadro de Almada Negreiros e uma sala com os pertences de Fernando Pessoa. Outro bom exemplo da força do turismo literário é a cidade de Forks, nos Estados Unidos. Antes, a pesca era a principal fonte de renda da população. Porém, depois que a americana Stephanie Meyer escolheu a cidade para sediar a saga Crepúsculo, Forks passou a viver do turismo.

Outros destinos para fazer turismo literário

Além da Biblioteca Culturando, em Jumirim, os viajantes também podem conhecer outros destinos com atrativos literários. Confira:

São Paulo

A capital paulista é uma grande protagonista da literatura nacional e internacional. Isso porque a cidade conta com museus, centros culturais, bibliotecas, eventos e comércios ligados ao universo literário. Alguns exemplos são a Casa das Rosas, na Avenida Paulista, que é uma construção histórica e um museu ligado à literatura e poesia. A Casa das Rosas também recebe exposições e realiza oficinas literárias para escritores; além de saraus e outros eventos. Entrada gratuita.

Outro ponto turístico na capital é a Biblioteca Mário de Andrade, a segunda biblioteca pública do país, superada apenas pela Biblioteca Nacional. Localizada no centro da cidade, na Rua 7 de Abril, possui um vasto acervo de documentos e livros é palco de grandes lançamentos de obras, com sessões de autógrafos. Além disso, conta com um Núcleo de Obras Raras e Acervos Especiais, disponíveis para consulta. Porém, as solicitações dos materiais precisam ser feitas até às 16h30 e o atendimento é feito exclusivamente mediante agendamento prévio. O local é aberto à visitação todos os dias. De segunda a sexta, das 9h às 21h, e finais de semana e feriados, das 9h às 18h. Entrada gratuita.

Já no campo das novidades, um local tem conquistado leitores e turistas. É o Museu do Livro Esquecido, localizado no bairro da Liberdade. O museu está dentro de uma casa histórica construída em 1924, com arquitetura e mobiliário preservados. Assim, cada ambiente da casa é uma verdadeira viagem no tempo. O Museu do Livro Esquecido tem em seu acervo livros raros, com primeiras edições e obras importantes da literatura clássica, brasileira e internacional; além de exposições temporárias sobre a história da tipografia e dos livros. Dica extra: no porão, funciona um laboratório de restauro de livros, aberto para consultas. A entrada para o Museu é gratuita aos sábados e domingos, das 10h às 17h, sem necessidade de agendamento.

Mas para quem deseja encontrar livros antigos ou novos com preço mais acessível, a dica é garimpar nos sebos de São Paulo. Há diversas opções na capital paulista, mas um bom lugar para começar a “caça ao tesouro” é no Sebo do Messias. Localizado na Praça João Mendes, perto da Catedral da Sé, o local é considerado o maior sebo do Brasil e tem em seu acervo livros, CDs, DVDs, revistas, gibis e mais, que atendem a todos os perfis de leitores. São 1.100 m² divididos em quatro andares, com muita história para contar e encontrar. Funciona de segunda a sexta, das 9h às 18h, e aos sábados, da 9h às 17h.

Lençóis Paulista

Localizada a 284,6 km de São Paulo, o Município de Interesse Turístico (MIT) é conhecido como a “Cidade do Livro”. Isso porque a cidade tem mais livros na Biblioteca Municipal do que moradores (são 144.593 livros para 66.505 habitantes, segundo o IBGE 2022, ou seja, mais ou menos dois livros por pessoa). Tudo começou quando Pedro Bloch – jornalista, músico, teatrólogo e médico – sugeriu para Orígenes Lessa, um dos imortais da Academia Brasileira de Letras e natural da cidade, que fizesse uma campanha com seus amigos escritores para arrecadar livros para a biblioteca. Com o aval do prefeito da época, Ideval Paccola, quem arrecadasse os livros teria seu nome nas ruas do Bairro da Cecap.

Quem arrecadasse a maior quantidade teria seu nome em uma avenida e quem doasse a menor quantidade teria seu nome em uma travessa. Carlos Drummond de Andrade, Orígenes Lessa e Procópio Ferreira foram os que mais doaram e tiveram seus nomes como avenidas. Assis Chateaubriand, Jorge Amado, Rachel de Queiróz, entre outros, também colaboraram e ganharam o nome em ruas do bairro. Atualmente, a Biblioteca Municipal “Orígenes Lessa” é considerada a maior biblioteca do interior de São Paulo e tem uma grande variedade de conteúdo. Ainda, conta com um museu literário, livros em Braile, audiolivros, obras raras autografadas e obras originais do patrono da biblioteca, Orígenes Lessa. O local funciona de segunda a sexta, das 8 às 21h; e sábado, das 8 às 17h. Entrada gratuita.

Taubaté

“Marmelada de banana, bananada de goiaba, Goiabada de marmelo…” Se você completou a música cantando “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, o município de Taubaté, a 133 km da capital paulista, é visita obrigatória. Localizada no Vale do Paraíba, a cidade é a terra natal do autor Monteiro Lobato, que escreveu as aventuras com os personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Por isso, Taubaté é conhecida como a “Capital Nacional da Literatura Infantil”.

Na cidade, há o Museu Monteiro Lobato, localizado na chácara onde o avô do escritor morava, no verdadeiro Sítio do Pica-Pau Amarelo. É o lugar ideal para conhecer a infância do autor e as inspirações para criar os personagens famosos da literatura: Pedrinho, Emília, Visconde de Sabugosa, Narizinho, entre outros. Para recompor esse clima, o museu conta com biblioteca, móveis originais, quadros e exemplares verdadeiros de Monteiro Lobato. O local é muito procurado pelos turistas. O Museu funciona de terça a sábado, das 09h às 16h30; e aos domingos e feriados, das 11h às 16h30. Às segundas-feiras, é fechado. Entrada gratuita.

Caraguatatuba

A Estância Turística de Caraguatatuba, a 174 km de São Paulo, oferece, além das belas praias e contato com a natureza, atrativos ligados à cultura e literatura. O principal deles é a FUNDACC – Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba. Um dos projetos que a Fundação realiza é o Sarau Poético. Realizado desde 2014, o Sarau se tornou um espaço de referência em criação poética e música autoral na cidade. O projeto tem como objetivo promover, em várias edições ao longo do ano, um diálogo entre diferentes linguagens artísticas e ações culturais, fomentando o interesse pela poesia, literatura e outras manifestações com foco na diversidade cultural. Para acessar a programação completa, acesse o site oficial: https://fundacc.sp.gov.br/. Funciona de segunda a sexta, das 9h às 17h. Entrada gratuita.

Outro atrativo turístico que vale a visita é o Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba (MACC), que conta com exposição permanente e uma sala cenográfica que remete a uma casa caiçara tradicional. Além disso, o MACC recebe exposições temporárias e oficinas gratuitas, inclusive relacionadas à literatura. Na última quinta-feira, 17, o local foi sede da oficina de escrita gratuita “Jornalismo Literário”, ministrada pela jornalista Mônica Souza, da Comissão Municipal Setorial de Literatura da FUNDACC. Funciona de terça a sábado, das 10h às 18h. Entrada gratuita.

Praia Grande

Na Estância Turística de Praia Grande, a 160 km de São Paulo, os moradores e os visitantes têm à disposição a rede de bibliotecas Porto do Saber, gerenciada pela Secretaria de Educação (Seduc). A rede conta com cinco bibliotecas comunitárias, além de 20 escolares. A unidade principal está no Boqueirão (Avenida São Paulo, 900) e oferece diversos serviços gratuitos.

No Porto do Saber, pessoas de todas as idades podem pesquisar, ler e pegar livros emprestados. Além disso, é possível assistir apresentações artísticas, utilizar a internet, entre outros benefícios. Todos os serviços são gratuitos.

O complexo reúne biblioteca comunitária com 25 mil livros; área para apresentações culturais (Espaço Flex); espaço digital com 20 computadores (Espaço Net), e uma sala para exibir filmes (Sala Porto Piaçabuçu), com equipamentos modernos. As outras bibliotecas comunitárias seguem o mesmo padrão da principal unidade, também com serviços gratuitos. Dica extra: Uma das bibliotecas é temática, com foco em assuntos ambientais. Ela está localizada no Núcleo de Educação Ambiental, no Portinho. As outras três ficam nos bairros Cidade da Criança, Jardim Princesa e Samambaia.