Educação • 12:36h • 22 de outubro de 2025
Crianças em pré-escolas de qualidade têm melhor aprendizado e desenvolvimento, aponta estudo
Pesquisa apoiada pela Fundação Bracell revela que experiências educacionais consistentes na primeira infância elevam o desempenho em leitura, linguagem e cognição
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Edelman | Foto: Divulgação
Um levantamento sobre os efeitos da pré-escola no Brasil reforça que a qualidade da educação infantil é determinante para o aprendizado e o desenvolvimento das crianças. O estudo “O que sabemos sobre os efeitos da pré-escola no Brasil”, liderado pela pesquisadora Jaqueline Natal e apoiado pela Fundação Bracell, reúne evidências científicas que mostram: crianças que frequentam pré-escolas de qualidade aprendem significativamente mais e têm maiores chances de sucesso escolar.
O impacto médio encontrado foi de 0,37 desvios-padrão, medida usada internacionalmente para comparar resultados de diferentes intervenções educacionais. Esse valor é superior à média global (0,31) e bem acima da média latino-americana (0,19), o que indica avanços notáveis no desenvolvimento cognitivo, especialmente em leitura e linguagem.
Segundo Eduardo de Campos Queiroz, presidente da Fundação Bracell, o estudo evidencia a importância da educação infantil na redução das desigualdades e na construção do futuro educacional do país. “Há décadas o Brasil amplia o acesso à pré-escola, mas agora temos comprovação de que é a qualidade que transforma. Uma pré-escola bem estruturada amplia oportunidades, fortalece o aprendizado e influencia o bem-estar. Investir nessa etapa é estratégico para o desenvolvimento nacional”, afirma.
O levantamento baseou-se na revisão analítica de 4.927 estudos publicados desde 1988, dos quais 27 atenderam aos critérios científicos de elegibilidade, totalizando 40 intervenções analisadas em profundidade. A maioria dos estudos focou em habilidades cognitivas (72%), principalmente em literacia e linguagem (63%) e numeracia (9%), enquanto apenas 3% abordaram habilidades socioemocionais. O dado revela a necessidade de pesquisas mais alinhadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que defende o desenvolvimento integral das crianças nas dimensões física, emocional, cognitiva e social.
Os resultados também mostraram que intervenções práticas e contínuas, com duração superior a seis meses e carga horária entre 20 e 40 horas, são as mais eficazes. Atividades como leitura compartilhada, alfabetização lúdica, ações de nutrição, saúde e atividades físicas regulares demonstraram maior impacto quando o foco era diretamente nas crianças, e não apenas na formação de adultos ou professores.
Após a implementação da BNCC, em 2017, as intervenções analisadas passaram a apresentar resultados mais consistentes, indicando que o novo referencial curricular fortaleceu o trabalho pedagógico e a intencionalidade educativa na educação infantil.
Desigualdade regional e desafios de pesquisa
A análise revelou forte concentração de estudos nas regiões Sudeste (63%) e Nordeste (26%), com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. Já Norte e Centro-Oeste têm apenas um estudo cada, ambos com uso de dados secundários, e o Sul conta com um único trabalho, realizado no Rio Grande do Sul.
Essa disparidade, segundo Queiroz, reflete as desigualdades no acesso ao financiamento científico e limita o desenho de políticas públicas que contemplem a diversidade regional. “Falta representatividade nacional nas evidências sobre o impacto da pré-escola, o que compromete a formulação de políticas mais justas e abrangentes”, afirma.
Evidências para políticas públicas
Mais do que reunir dados, o estudo pretende conectar as evidências à formulação de políticas públicas eficazes e sustentáveis. O relatório recomenda ampliar pesquisas regionais, avaliar o custo e a durabilidade das intervenções, realizar acompanhamentos de longo prazo e fortalecer a formação de professores, especialmente no desenvolvimento de competências socioemocionais.
“É na educação infantil que se constrói o alicerce para o aprendizado, o comportamento e o desenvolvimento econômico de um país”, reforça Queiroz. “Não basta garantir o acesso: se a criança está na pré-escola sem uma proposta pedagógica de qualidade, é como correr a maratona da vida com os pés amarrados.”
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