Crimes digitais aumentam com a falta de moderação nas plataformas, alerta especialista

A internet se tornou, nos últimos anos, um verdadeiro "campo minado" para crianças e adolescentes, especialmente depois que grandes empresas, como a Meta, começaram a reduzir as políticas de moderação de conteúdo. Essa decisão tem gerado preocupação entre especialistas, como o pesquisador Pedro Hartung, diretor de Políticas e Direitos das Crianças do Instituto Alana, que alerta para o aumento de riscos digitais.

Segundo Hartung, a redução das normas de moderação nas plataformas digitais tem um impacto direto nas populações mais vulneráveis, como crianças e adolescentes. "A internet aumenta as vulnerabilidades que já existem no ambiente offline", afirma o especialista, destacando que as redes sociais, ao não contarem com moderação eficiente, acabam amplificando as desigualdades sociais e expondo jovens a conteúdos prejudiciais e, muitas vezes, criminosos.

Ele também faz um alerta importante sobre as consequências dessa falta de regulação. Crianças negras, periféricas e meninas, já vulnerabilizadas pela violência social, estão mais sujeitas a agressões no mundo digital. "Esses grupos são muito mais vulneráveis não apenas pela reprodução dessas violências sociais, mas também pelo aumento dessas violências no digital", explica Hartung.

A redução de moderação nas redes sociais torna a internet um campo minado para os jovens, alerta Pedro Hartung | Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

A situação é agravada pela chamada "colonialismo digital", onde as grandes empresas do setor não tomam responsabilidade sobre o impacto de suas plataformas nos países em desenvolvimento, como o Brasil.

Para Hartung, é essencial que o Estado brasileiro e os cidadãos unam forças para exigir mudanças estruturais, além de cobrar maior responsabilidade das empresas. Ele defende que a criação de uma governança internacional da internet é uma das saídas para proteger as crianças e adolescentes, não apenas no Brasil, mas globalmente.