Policial • 17:43h • 23 de julho de 2025
De abandonada a agente da lei: vira-lata Savana vira perita da Polícia Científica de SP
Treinada para identificar sangue humano, cadela resgatada ajuda a desvendar crimes e reforça a precisão das perícias no estado
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da SSP-SP | Foto: Divulgação

Abandonada ainda filhote nas ruas de São José dos Campos, a vira-lata Savana foi resgatada pelo perito criminal João Henrique Machado em situação de desnutrição. O que era para ser apenas um cuidado temporário até a adoção se transformou em uma parceria de vida e trabalho. Hoje, Savana é o segundo cão perito da Polícia Científica do estado de São Paulo, especializada em detectar sangue humano em locais de crime.
De rua para a elite da perícia: vira-lata Savana entra para a Polícia Científica
Ao lado de Mani, o primeiro cão a integrar a equipe, Savana atua no Instituto de Criminalística de São José dos Campos. Com um faro treinado, ela consegue identificar manchas de sangue imperceptíveis ao olho humano, mesmo em casos onde o vestígio foi lavado ou diluído. A capacidade do animal foi desenvolvida por meio de um extenso processo de treinamento e testes em diversos ambientes, como veículos, roupas e grandes áreas abertas.
Cão perito: cadela resgatada detecta sangue e ajuda a resolver crimes em SP
O uso de cães peritos é uma iniciativa pioneira no Brasil. Em comparação com o método tradicional com luminol, um reagente químico de alto custo e menos preciso em grandes áreas ou locais muito iluminados, os cães apresentam maior assertividade, já que são treinados especificamente para identificar sangue humano. Além disso, ajudam a reduzir o risco de perda de vestígios importantes para os laudos periciais.
Cachorra abandonada se torna aliada da perícia criminal no estado de São Paulo
Segundo Machado, já foram encontrados vestígios biológicos com até um ano desde o crime. “O cão aponta onde há presença de sangue humano, mesmo em situações extremas, o que nos ajuda a determinar com mais segurança se aquele material deve ser analisado em laboratório”, explica o perito, que também é médico veterinário e desenvolve um projeto de mestrado na Unifesp para padronizar o protocolo de uso de cães na perícia criminal.
O vínculo entre Savana e seu tutor é forte. Eles trabalham e convivem juntos há quatro anos. O perito, inclusive, brinca que sente mais ansiedade do que a própria cadela quando estão separados. A ideia para o futuro é expandir o projeto para que cada unidade da Polícia Científica do estado conte com seu próprio cão treinado.
Os cães ideais para esse tipo de trabalho precisam apresentar sociabilidade, concentração, energia e interesse pelo treinamento. Machado destaca que o foco não é o porte ou a raça, mas sim a disposição do animal. Muitas vezes, os cães selecionados são encontrados em abrigos ou canis municipais.
Com olfato apurado, disciplina e uma bola de borracha como recompensa, Savana agora é mais do que uma sobrevivente, ela é peça fundamental no trabalho que busca elucidar crimes e garantir justiça com precisão.
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