Ciência e Tecnologia • 15:51h • 17 de julho de 2025
Descoberta no extremo do sistema solar questiona existência do Planeta 9
Novo objeto gelado desafia hipóteses sobre o misterioso “Planeta 9” e levanta teorias sobre passado turbulento da fronteira solar
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Space | Foto: Divulgação

Astrônomos identificaram um novo e intrigante objeto além da órbita de Plutão, reforçando a ideia de que os confins do sistema solar guardam segredos ainda pouco compreendidos. Batizado de 2023 KQ14 e apelidado de “Ammonite” (ammonita, em referência ao fóssil marinho), o corpo celeste apresenta uma órbita alongada e peculiar que o classifica como um “sednoide” — um tipo raro de objeto transnetuniano localizado muito além do gigante gelado Netuno.
Essa descoberta, realizada com o telescópio Subaru dentro do projeto “Formação do Sistema Solar Externo: Um Legado Gelado” (FOSSIL, na sigla em inglês), torna o Ammonite apenas o quarto sednoide conhecido até hoje. Estima-se que ele tenha entre 220 e 380 quilômetros de diâmetro — até 45 vezes a altura do Monte Everest. Seu periélio, ou distância mais próxima do Sol, fica a impressionantes 71 vezes a distância entre a Terra e o Sol.
Mas o que mais intriga os cientistas é que, embora os quatro sednoides conhecidos hoje tenham órbitas diferentes, modelos sugerem que há cerca de 4,2 bilhões de anos eles dividiam trajetórias semelhantes. Isso indica que algo dramático aconteceu na periferia do sistema solar aproximadamente 400 milhões de anos após sua formação.
Para os astrônomos, a órbita única do Ammonite coloca em xeque a famosa hipótese do “Planeta 9”, um suposto planeta gigante escondido no extremo do sistema solar que explicaria o comportamento orbital desses corpos distantes. Segundo Yukun Huang, do Observatório Astronômico Nacional do Japão e líder da equipe que fez a descoberta, a órbita do Ammonite não se alinha com as dos outros sednoides, tornando menos provável a existência do hipotético planeta.
“É possível que um planeta tenha existido no sistema solar e tenha sido ejetado, causando as órbitas incomuns que vemos hoje”, explicou Huang em comunicado.
A descoberta também reforça a ideia de que a fronteira do sistema solar é muito mais complexa e variada do que se imaginava. Ao estudar esses “fósseis cósmicos”, os astrônomos buscam reconstruir a história dinâmica da nossa vizinhança estelar, marcada por interações gravitacionais violentas e possíveis expulsões de planetas.
Para a ciência planetária, cada sednoide descoberto é como uma cápsula do tempo, preservando pistas sobre os primórdios do sistema solar. O Ammonite, com sua órbita singular, ajuda a mapear não só o presente como o passado turbulento dessa região distante e gelada — um passado que talvez inclua planetas que já não estão mais por aqui.
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