Responsabilidade Social • 11:12h • 17 de maio de 2025
Desmatamento cai na maioria dos biomas em 2024
Na comparação com 2023, a redução foi de 32,4% na área desmatada
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Brasil | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Cinco dos seis biomas brasileiros registraram queda no desmatamento em 2024, segundo o Relatório Anual do Desmatamento (RAD), divulgado na quarta-feira (14) pelo Mapbiomas. A única exceção foi a Mata Atlântica, que se manteve praticamente estável em relação a 2023, com um aumento de 2%.
O Pantanal e o Pampa lideraram a redução da perda de vegetação nativa, com quedas de 58,6% e 42,1%, respectivamente. O Cerrado aparece em seguida, com redução de 41,2%, seguido da Amazônia (-16,8%) e da Caatinga (-13,4%).
Apesar da queda, o Cerrado segue como o bioma mais desmatado do país pelo segundo ano consecutivo, perdendo mais de 652 mil hectares de vegetação nativa.
Balanço nacional
Em 2024, o país registrou 1.242.079 hectares desmatados, o que representa uma redução de 32,4% em relação a 2023. Também houve queda de 26,9% nos alertas de desmatamento, que somaram 60.983 registros.
Em média, foram desmatados 3.403 hectares por dia, o equivalente a quase 142 hectares por hora. O pico do desmatamento aconteceu em 21 de junho, com 3.542 hectares perdidos em 24 horas — especialmente no Cerrado, onde o ritmo foi mais intenso: 1.786 hectares diários.
Segundo Tasso Azevedo, coordenador do Mapbiomas, a queda no desmatamento pode ser atribuída a três fatores principais: a criação de planos de combate específicos para cada bioma, maior atuação dos estados na fiscalização e o uso de dados ambientais na concessão de crédito rural.
Impactos dos eventos extremos
A estabilidade da Mata Atlântica se deve, em parte, à perda de vegetação causada por eventos climáticos extremos, como os registrados no Rio Grande do Sul entre abril e maio de 2024. No estado, 627 alertas relacionados a desastres naturais resultaram na perda de 2.805 hectares — todos na Mata Atlântica.
Regiões e estados
A região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) concentrou 42% da perda de vegetação nativa no Brasil e respondeu por 75% do desmatamento no Cerrado. Os quatro estados da região, junto com o Pará, foram responsáveis por 65% de toda a área desmatada do país em 2024. Maranhão (17,6%), Pará (12,6%) e Tocantins (12,3%) lideraram o ranking.
Por outro lado, Goiás, Paraná e Espírito Santo registraram as maiores reduções, com quedas superiores a 60%.
Terras indígenas e unidades de conservação
As terras indígenas tiveram redução de 24% na perda de vegetação, com 15.938 hectares desmatados — 1,3% do total nacional. A Terra Indígena Porquinhos dos Canela-Apãnjekra (MA) liderou o ranking, com 6.208 hectares desmatados, um aumento de 125% em relação a 2023.
Nas Unidades de Conservação, a redução foi de 42,5%, com 57.930 hectares desmatados. A APA Triunfo do Xingu (PA), na Amazônia, foi a mais afetada, com 6.413 hectares.
Autorização e transparência
Em 2024, 43% da área desmatada teve algum tipo de autorização. No Cerrado, 66% da vegetação nativa suprimida foi autorizada, enquanto na Amazônia esse índice foi de apenas 14%.
O Maranhão, embora tenha liderado em desmatamento proporcional, foi o estado com menor transparência nas informações de fiscalização e autorizações. “Recebemos bases de dados incompletas e com restrições de acesso”, relata Marcondes Coelho, do Instituto Centro de Vida (ICV).
Causas
Desde 2019, o Brasil já perdeu cerca de 9,9 milhões de hectares de vegetação nativa — 67% apenas na Amazônia Legal. A agropecuária segue como principal vetor do desmatamento, sendo responsável por mais de 97% das perdas nos últimos seis anos.
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