Cidades • 09:15h • 08 de dezembro de 2025
Dezembro Laranja, por que ainda subestimamos o câncer de pele
Tumor mais comum do país, a doença supera 220 mil novos casos ao ano e segue negligenciada mesmo com sinais visíveis e formas eficazes de prevenção
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da RPMA | Foto: Divulgação
O câncer de pele é o tipo de tumor mais frequente no Brasil, responsável por cerca de 30% de todos os diagnósticos oncológicos e por mais de 220 mil novos casos anuais, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia. Apesar da alta incidência, sua gravidade ainda passa despercebida por grande parte da população, especialmente durante o verão, período de maior exposição solar e aumento do risco de lesões. A radiação ultravioleta provoca danos cumulativos e silenciosos, o que dificulta a percepção imediata de perigo e leva muitos a negligenciar medidas simples de proteção.
A doença se divide em dois grandes grupos. O câncer de pele não melanoma é o mais comum no país e costuma atingir pessoas de pele clara, indivíduos mais velhos ou quem passou muitos anos exposto ao sol. Quando descoberto cedo, apresenta mais de 90% de chance de cura. Já o melanoma, embora menos frequente, é muito mais agressivo e exige atenção imediata. Ele pode surgir como uma nova pinta ou como uma mancha pré-existente que começa a mudar rapidamente. A confirmação é feita por biópsia, etapa essencial para definir o tratamento adequado.
Reconhecer alterações suspeitas é decisivo para evitar atrasos no diagnóstico. A regra do ABCDE é adotada mundialmente para identificar sinais de alerta. A letra A corresponde à assimetria, B indica bordas irregulares, C se refere à variação de cor, D aponta para diâmetro acima de 6 milímetros e E representa evolução, qualquer mudança rápida no formato, tamanho, cor ou sintomas. Lesões que sangram, doem, coçam ou não cicatrizam também devem ser avaliadas. Áreas pouco lembradas, como couro cabeludo, unhas, palmas das mãos e plantas dos pés, precisam ser observadas com atenção.
A exposição solar acumulada ao longo da vida permanece como o principal fator de risco. O sol do cotidiano, como deslocamentos, caminhadas rápidas ou o braço apoiado na janela do carro, contribui para o dano contínuo. Pessoas de pele clara, quem já teve câncer de pele e indivíduos com histórico familiar devem redobrar os cuidados. Entre os fatores adicionais está o bronzeamento artificial, que utiliza radiação ultravioleta em intensidade elevada e aumenta significativamente o risco de tumores, motivo pelo qual o método não é recomendado por sociedades médicas.
A proteção deve fazer parte da rotina
O uso diário de protetor solar com FPS acima de 30, associado a barreiras físicas como roupas com proteção UV, óculos escuros e bonés, além de evitar o sol entre 10h e 16h, forma um conjunto de medidas eficazes para reduzir o risco. Também é importante esclarecer um mito comum. O protetor solar não prejudica a produção adequada de vitamina D, já que a exposição leve e involuntária durante atividades diárias é suficiente para manter os níveis necessários ao organismo.
Quando o câncer de pele é identificado no início, o tratamento costuma ser mais simples e apresenta melhores resultados. Nos tumores não melanoma, a remoção cirúrgica geralmente é suficiente. Em regiões mais delicadas, a técnica de Mohs permite retirar apenas o tecido afetado, preservando ao máximo a pele saudável. O melanoma exige avaliação detalhada por conta do potencial de disseminação para outros órgãos. Exames como tomografia e PET CT ajudam a mapear possíveis áreas comprometidas e identificar alterações ainda pequenas.
Nos últimos anos, avanços importantes ampliaram as possibilidades terapêuticas. As terapias alvo, que atuam diretamente em mutações específicas das células tumorais, e a imunoterapia, que estimula o sistema imunológico a reconhecer e combater o câncer, aumentaram o controle da doença e ofereceram mais qualidade de vida aos pacientes. Essas abordagens se tornaram mais eficazes quando iniciadas precocemente.
O Dezembro Laranja reforça anualmente a importância da prevenção, mas o alerta deveria fazer parte da rotina. O câncer de pele é comum, sério e muitas vezes evitável. Por ser visível e silencioso ao mesmo tempo, acaba sendo negligenciado. Cuidar da pele exige atenção diária. Observar, proteger e buscar avaliação médica diante de qualquer mudança são passos simples que salvam vidas.
*Com contribuições de Dr. Mateus Marinho, médico dermatologista
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