Economia • 15:13h • 28 de agosto de 2025
Empresas familiares enfrentam dilema da sucessão e precisam planejar com antecedência
Falta de planejamento e governança ainda compromete a longevidade dos negócios familiares no Brasil e aponta caminhos para uma transição bem-sucedida
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Digital Trix | Foto: Divulgação

No Brasil, 90% das empresas têm capital familiar, responsáveis por 75% dos empregos e 65% do PIB, segundo o IBGE. Apesar da relevância, a maioria ainda encontra dificuldades para lidar com um momento inevitável: a sucessão familiar. O dilema é complexo e envolve decisões que vão desde escolher herdeiros como sucessores até considerar executivos externos para conduzir a organização.
Para André Freire, sócio-diretor da EXEC, consultoria especializada em recrutamento e desenvolvimento de altos executivos, a sucessão exige planejamento e governança estruturada. “Não se trata apenas de escolher quem ficará no comando, mas de preparar a nova geração, seja familiar ou de mercado, para garantir o futuro da organização. Infelizmente, muitos deixam esse debate para depois e acabam improvisando em momentos de crise”, analisa.
A ausência de planejamento tem consequências severas. Dados internacionais do Williams Group mostram que 70% das famílias perdem a riqueza conquistada já na segunda geração, índice que chega a 90% na terceira. Embora não haja estatísticas equivalentes no Brasil, a experiência de empresas nacionais demonstra que a falta de estruturas de governança e de conselhos consultivos compromete a perenidade. “A empresa pode ser familiar, mas as soluções não podem ser caseiras. É fundamental contar com mentoria, assessment e mediação para alinhar interesses e reduzir conflitos”, explica Freire.
O especialista destaca ainda que a nova geração tem perfil diferente dos antecessores. Muitos jovens herdeiros preferem seguir carreiras próprias, em áreas criativas ou internacionais, e não se sentem obrigados a assumir o legado. Nesses casos, a escolha de um CEO profissional passa a ser uma alternativa estratégica. “Mais do que competência técnica, é preciso garantir que haja alinhamento cultural entre executivo, família e empresa. Esse ‘fit’ é essencial para sustentar a confiança e preservar a identidade do negócio”, afirma.
Para evitar erros comuns, Freire recomenda sete passos práticos: iniciar cedo o planejamento, mapear o cenário atual, avaliar o interesse real dos herdeiros, investir em capacitação, considerar CEOs externos quando necessário, estruturar conselhos consultivos e formalizar regras claras. “A sucessão bem-sucedida é aquela que transforma o legado em futuro, garantindo que a empresa sobreviva ao CPF do fundador”, conclui.
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