Responsabilidade Social • 18:41h • 07 de outubro de 2025
Entenda como identificar e agir diante dos sinais de automutilação na adolescência
Estudo da USP e do Ministério da Saúde mostra que 16,9% dos jovens já praticaram automutilação; psicólogo alerta sobre importância da escuta emocional e da detecção precoce dos sinais
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Lara Assessoria | Foto: Arquivo/Âncora1
Um levantamento realizado pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Ministério da Saúde revela um dado preocupante: 16,9% dos adolescentes brasileiros já praticaram algum tipo de automutilação. O comportamento, que há alguns anos era visto como um episódio isolado, passou a ser reconhecido como problema de saúde pública, exigindo atenção imediata de famílias, escolas e profissionais da área emocional.
De acordo com o psicólogo Jair Soares, doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores (UFLO), na Argentina, e fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT), a automutilação é uma forma de o jovem expressar dores internas que não consegue verbalizar. O corpo, nesse caso, passa a atuar como porta-voz do sofrimento emocional.
No Brasil, o problema tem se tornado cada vez mais visível em escolas, universidades e redes sociais, ambientes onde muitas vezes surgem os primeiros indícios. O especialista destaca que reprimir ou punir o adolescente não resolve a situação e pode agravar o sofrimento. A abordagem mais eficaz é acolher, escutar e compreender a origem da dor emocional, incentivando o acompanhamento psicológico.
Segundo Soares, o ambiente escolar é um dos primeiros espaços onde os sinais aparecem. Alterações comportamentais, queda no rendimento e isolamento social são alertas importantes. Professores e colegas costumam ser os primeiros a perceber que algo não vai bem.
O IBFT tem aplicado a Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), método criado pelo próprio psicólogo e com resultados positivos em adolescentes com histórico de automutilação. A técnica atua no reprocessamento de memórias emocionais, reorganizando as respostas cerebrais diante de experiências dolorosas.
Para o especialista, o enfrentamento do problema deve ser compartilhado entre escola, família e profissionais de saúde. A automutilação não é modismo, mas um pedido de ajuda. A identificação precoce e o apoio emocional podem interromper o ciclo e oferecer novas formas de lidar com sentimentos intensos.
Seis sinais de alerta para pais e professores
- Marcas ou cortes frequentes no corpo, explicados de forma vaga ou com justificativas repetitivas;
- Isolamento repentino, afastamento de amigos, familiares e atividades antes prazerosas;
- Mudanças de humor, irritabilidade ou períodos prolongados de apatia;
- Queda no desempenho escolar e falta de interesse por tarefas cotidianas;
- Uso constante de roupas compridas, mesmo em dias quentes, para esconder ferimentos;
- Rabiscos, músicas ou postagens que mencionam dor, morte ou autodestruição.
O que fazer
- Manter diálogo aberto e sem julgamentos, demonstrando disposição para ouvir;
- Buscar apoio especializado, evitando minimizar os sinais;
- Acionar a escola para um acompanhamento conjunto;
- Evitar repreensões ou ameaças, que podem aumentar a sensação de solidão e agravar o comportamento.
Segundo Soares, o acompanhamento terapêutico transforma a forma como os jovens enfrentam suas emoções. Quando encontram um espaço seguro para elaborar seus sentimentos, descobrem que é possível viver sem recorrer à automutilação, retomando a autoconfiança e o equilíbrio emocional.
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