Variedades • 12:01h • 10 de junho de 2025
Especial Dia dos Namorados: se vocês não definem a relação, o Judiciário pode fazer isso por vocês
Em tempos de relações fluidas, advogada assisense alerta para os riscos jurídicos de namoros que se confundem com união estável ou casamento. Sem diálogo claro, o Judiciário pode decidir por você
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Divulgação

O dia dos namorados representa a época do ano mais romântica, mas é preciso lembrar que as relações têm consequências na vida prática, onde o amor como imaginamos fica um pouco de lado.
Nem todo relacionamento amoroso gera automaticamente efeitos legais, muitos casais só percebem isso no meio de uma separação, disputa de bens ou até após a morte de um dos parceiros. Segundo a advogada Ana Clara Vasques Gimenez, especialista em processo civil e mestranda em ciência jurídica, é essencial compreender as diferenças entre casamento, união estável e o chamado “namoro qualificado”, pois a falta de clareza pode transformar um vínculo afetivo em um problema jurídico sério.
“Com os diversos tipos de relação, a definição de cada um é mais sutil do que parece. Se o casal não fala sobre o assunto e não esclarece bem os seus termos, o Judiciário acaba fazendo isso por eles quando os problemas e dúvidas surgem, e nem sempre do jeito que imaginavam ou esperavam”, alerta a advogada.
Sem rótulo, sem controle: Dia dos Namorados: relações indefinidas podem parar na Justiça
Casamento: vínculo formal, com efeitos automáticos
O casamento é a união civil realizada por autoridade competente e registrada em cartório. É o modelo de relação que cria obrigações legais imediatas, como: dever de fidelidade, mútua assistência e comunhão de vida. Também possui efeitos patrimoniais, conforme o regime de bens adotado, que pode ser comunhão parcial, total, separação total ou até um modelo personalizado. Quem deseja um casamento com regras específicas pode firmar um pacto antenupcial, que seria um contrato firmado antes da cerimônia, registrando escolhas patrimoniais e cláusulas próprias. Em resumo: casou, a lei entra junto, a menos que o casal tenha definido antecipadamente um acordo que diga o contrário.
União estável: sem cerimônia, mas quase um casamento
A união estável é a convivência pública, contínua e duradoura entre duas pessoas, com intenção mútua de constituir família, mesmo que o casal ainda não morem juntos ou não tenham filhos. O mais importante é que esse modelo não exige contrato ou registro formal para existir, basta que os fatos indiquem essa intenção. A armadilha está aí: um relacionamento informal pode ser reconhecido judicialmente como união estável e gerar efeitos como herança, pensão e partilha de bens semelhantes ao casamento com comunhão parcial de bens.
Sem contrato, com consequências: Se não estiver claro, o Judiciário decide por você, garante advogada
Namoro qualificado: quando o namoro vira risco jurídico
O namoro nem sempre termina em casamento, muitas vezes essa não é a intenção do casal. O chamado “namoro qualificado” é aquele relacionamento sério e duradouro, com viagens, convivência com a família e rotina compartilhada, características que podem fazer a Justiça enxergar ali uma união estável, mesmo que os envolvidos afirmem ser “apenas um namoro”.
Sem provas claras da ausência de intenção familiar, esse tipo de vínculo pode gerar demandas judiciais envolvendo bens, pensão ou herança no futuro. Inclusive, Ana Clara destaca que:
o Judiciário já reconheceu em diversos casos a existência de união estável com base em fotos, publicações nas redes sociais e testemunho de amigos e familiares
Como se proteger juridicamente
Contrato de namoro: é um documento simples, que declara que o vínculo é afetivo, mas sem intenção de constituir família. Pode incluir cláusulas específicas sobre patrimônio do casal, convivência e até regras para eventual término, inclusive sobre guarda e pensão dos filhos que possam ser fruto da relação.
Registro de união estável em cartório: permite escolher o regime de bens e acrescentar cláusulas personalizadas, reforçando a segurança jurídica do casal. Recomendado para os relacionamentos com indivíduos de todas as idades, mas principalmente aos casais que já passaram por um divórcio ou viuvez.
Pacto antenupcial: ideal para quem pretende se casar com separação total de bens, regime misto ou regras particulares, devidamente registradas antes do casamento.
Separar finanças: manter contas, bens e investimentos individualizados evita confusões patrimoniais e até mesmo garante a independência financeira.
Consultar um advogado especialista: cada relação tem suas particularidades. O apoio jurídico preventivo é essencial para evitar surpresas futuras e garantir uma boa convivência mesmo quando os problemas surgirem no relacionamento.
O direito de família evoluiu para acompanhar a complexidade das relações afetivas. Mas quem não se informa ou negligencia a formalização dos vínculos pode acabar enfrentando disputas inesperadas. Seja casamento, união estável ou “namoro qualificado”, o mais importante é entender os efeitos legais antes que eles sejam impostos por terceiros, com consequências mais sérias.
“Amar é fundamental, mas proteger esse vínculo com inteligência e responsabilidade jurídica é o que garante tranquilidade e uma relação feliz hoje e no futuro”, finaliza a advogada Ana Clara Vasques Gimenez.
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