Ciência e Tecnologia • 16:12h • 21 de outubro de 2024
Especialistas discutem prevenção de pandemias e perspectivas para 2050
Má distribuição de recursos, mudanças climáticas e impactos ambientais aumentam o risco de proliferação de novas doenças
Da Redação com informações do Butantan | Foto: Renato Rodrigues/Comunicação Butantan

O que podemos esperar para 2050 em termos de saúde pública? Essa foi a pergunta central que marcou o primeiro dia de discussões da 25ª Assembleia Geral Anual da Rede de Produtores de Vacinas de Países em Desenvolvimento (DCVMN, na sigla em inglês), promovido no dia 16 de outubro pelo Instituto Butantan e pela Bio-Manguinhos/Fiocruz. Em andamento até sexta, o evento conta com representantes de mais de 40 instituições de 15 países em desenvolvimento, que compartilham a missão de promover um futuro sustentável e com acesso equitativo à saúde e à prevenção de doenças.
Para o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, que comandou o fórum Estratégias do DCVMN para 2050, os principais desafios a serem enfrentados que podem impactar a saúde pública são a limitação de recursos, conflitos geopolíticos, mudanças climáticas e interferências no meio ambiente.
“Temos conflitos ao redor do mundo que podem gerar novas emergências sanitárias, a exemplo do atual surto de poliomielite em Gaza, e o alocamento desigual de recursos afeta nossas capacidades de responder a esses problemas. Enquanto isso, o aquecimento global e alterações ambientais nos colocam em maior contato com patógenos e geram maior risco de transmissão de doenças de animais para humanos – o chamado spillover”, disse.
O diretor do Instituto Pasteur de Dakar (Senegal), Amadou Alpha Sall, defendeu que os esforços das instituições de pesquisa devem ir ainda além das vacinas. “A probabilidade de surgirem novas doenças é real, e as mudanças climáticas têm um forte impacto nisso, em especial em infecções transmitidas por vetores. Vacinas são essenciais, mas não são a única solução. É preciso fortalecer a confiança nas vacinas, para que elas realmente cumpram seu papel, e focar também no desenvolvimento de terapias avançadas”, afirmou.
Outro ponto levantado durante a discussão foi a preocupação com o meio ambiente. Para Maurício Zuma, diretor da Bio-Manguinhos/Fiocruz, a sustentabilidade deve ser uma das prioridades. “O desequilíbrio ambiental gera um risco aumentado para o surgimento de novas pandemias, o que aumenta a demanda de novas tecnologias para desenvolvimento acelerado de vacinas. Precisamos investir continuamente na modernização e nos atentar para uma produção sustentável”, disse.
De acordo com o CEO da farmacêutica chinesa CanSino Biologics, Xuefeng Yu, o desenvolvimento de novas tecnologias com maior custo-benefício também deve entrar em pauta para os próximos 25 anos. “Nós desenvolvemos a primeira vacina intranasal contra a Covid-19 durante a pandemia e chegamos a imunizar 10 milhões de pessoas. Com o DCVMN, temos a oportunidade de compartilhar conhecimentos e transferir tecnologias para torná-las mais acessíveis”, declarou.
Xuefeng também destacou a necessidade de fornecer treinamentos locais entre os países em desenvolvimento e regiões menos favorecidas. “Precisamos adentrar as operações para realmente compartilhar nossos conhecimentos e capacitar novos produtores.”
Já o CEO da farmacêutica argentina Sinergium Biotech, Alejandro Gil, acredita que é preciso expandir o diálogo com as agências reguladoras e autoridades de saúde dos países em desenvolvimento. “Temos que compartilhar nossas capacidades, nossos mercados, e trabalhar juntos para acelerar o desenvolvimento e tornar as vacinas mais acessíveis.”
A reunião, que ocorre pela primeira vez em São Paulo, trará nos próximos dois dias discussões sobre desenvolvimento clínico, inovação, envolvimento do setor privado, novas tecnologias, hesitação vacinal, impactos da inteligência artificial e vacinas prioritárias, como poliomielite, tuberculose, dengue, malária e meningite.
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