Responsabilidade Social • 15:49h • 10 de julho de 2025
Estudo da Embrapa propõe método inédito para reflorestamento inteligente na Amazônia
Pesquisa da Embrapa mapeia áreas ideais para reflorestamento na Amazônia e propõe soluções sustentáveis com base em espécies nativas.
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações da Embrapa | Foto: Ronaldo Rosa

Uma nova pesquisa publicada na revista científica Forests apresenta avanços promissores para o uso sustentável das florestas na Amazônia brasileira. Liderado pela pesquisadora Lucieta Martorano, da Embrapa Amazônia Oriental (PA), o estudo utiliza o zoneamento topoclimático, uma metodologia inovadora que identifica as áreas mais adequadas para o plantio e manejo de espécies nativas, combinando dados de solo, relevo e clima.
O método ajuda a orientar ações de reflorestamento, silvicultura sustentável e recuperação de áreas degradadas, conectando conservação ambiental, geração de renda e combate às mudanças climáticas. A pesquisa é resultado de uma parceria entre a Embrapa, a Universidade Federal do Ceará (UFC) e outras instituições.
Mapeamento estratégico com 12 espécies nativas
O estudo analisou mais de 7,6 mil registros georreferenciados de espécies nativas como angelim-vermelho, ipê-amarelo, copaíba e mogno-brasileiro, cruzando essas informações com dados ambientais coletados entre 1961 e 2022. O resultado foi a criação de mapas que classificam diferentes áreas da Amazônia com alto, médio ou baixo grau de adequação para o cultivo dessas árvores.
Espécies com maior resistência a diferentes condições climáticas, como o marupá, se destacaram como opções versáteis para projetos de restauração. Já o angelim-vermelho demonstrou 81% de aptidão para áreas degradadas, evidenciando seu potencial para silvicultura produtiva em locais impactados pela ação humana.
“É uma ciência aplicada ao território, que pode embasar políticas públicas de bioeconomia, reflorestamento e adaptação climática”, explica Martorano.
Ferramenta para políticas públicas e créditos de carbono
A metodologia dialoga diretamente com legislações como a Lei de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e os compromissos do Brasil no Acordo de Paris, como a recuperação de milhões de hectares de vegetação nativa. Além disso, o zoneamento pode servir como base para atrair investimentos internacionais voltados à restauração ambiental e ao mercado de créditos de carbono.
O pesquisador Silvio Brienza Junior, da Embrapa Florestas (PR), coautor do artigo, destaca que o uso estratégico das espécies identificadas pode ampliar a oferta de serviços ambientais, como sequestro de carbono, regulação hídrica e conservação da biodiversidade. “Quanto mais preciso for o mapeamento, maior o potencial de atrair recursos para iniciativas sustentáveis e de longo prazo”, afirma.
Da Amazônia para o mundo
O modelo de zoneamento, embora desenvolvido para a Amazônia, pode ser adaptado a qualquer bioma. A proposta ganha ainda mais relevância com a aproximação da COP30, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro. O estudo reforça o protagonismo do Brasil na agenda ambiental global ao oferecer uma solução científica e prática para enfrentar a crise climática.
O zoneamento também pode ser ampliado com tecnologias como sensoriamento remoto e inteligência artificial, tornando-se uma ferramenta robusta para orientar projetos financiados por fundos verdes e para promover um reflorestamento inteligente, que alia restauração ambiental, inclusão social e desenvolvimento econômico sustentável.
A pesquisa coloca a Amazônia como parte da solução climática global e mostra que a biodiversidade brasileira, aliada à ciência nacional, pode liderar caminhos inovadores rumo a um futuro mais equilibrado entre natureza e sociedade.
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