Saúde • 08:21h • 01 de julho de 2025
Baixa massa muscular pode agravar prognóstico de mulheres com câncer de mama, aponta estudo da USP
Indivíduos com maior quantidade de músculo tendem a responder melhor às terapias, como quimio e radioterapia, além de apresentar menor risco de complicações
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência SP | Foto: Arquivo Âncora1

A manutenção da massa muscular é um fator importante para pacientes em tratamento contra o câncer, pois melhora a resposta às terapias, reduz complicações e favorece a recuperação. Um estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, com apoio da Fapesp, mostra que mulheres com câncer de mama e menor massa muscular no início do tratamento apresentam pior prognóstico e menor sobrevida. Os resultados foram publicados na revista Discover Oncology.
O estudo analisou 54 pacientes com diagnóstico recente de câncer de mama em estágio inicial, todas atendidas no Hospital das Clínicas da FMRP. Antes da quimioterapia, foram submetidas a exames como bioimpedância, tomografia e testes físicos. A análise mostrou que mulheres com menos músculo tinham conectividade neural menor, mais fadiga e pior evolução clínica.
A tomografia de tórax — já usada no acompanhamento da doença — foi aproveitada para avaliar a massa muscular na região da vértebra lombar L3. Como alternativa mais acessível, os pesquisadores também usaram o ângulo de fase, medido pela bioimpedância, que demonstrou boa correlação com a composição muscular.
Cinco anos após a coleta dos dados, a equipe observou que a baixa massa muscular e o menor ângulo de fase estavam associados a menor taxa de sobrevivência, independentemente da idade ou estágio do câncer.
Segundo a nutricionista e autora do estudo, Mirele Grecco, mulheres com câncer de mama podem perder massa muscular mesmo sem apresentar emagrecimento aparente, o que dificulta o diagnóstico clínico. Muitas estão acima do peso, o que pode mascarar a perda muscular.
Para a pesquisadora, a avaliação da composição corporal logo após o diagnóstico pode permitir intervenções nutricionais e físicas precoces, como aumento na ingestão de proteínas e inclusão de exercícios de resistência. A meta não é o ganho de massa muscular, mas reduzir as perdas e melhorar as condições do corpo para suportar o tratamento.
O câncer de mama é um dos tipos que mais atingem mulheres no Brasil, com cerca de 74 mil novos casos ao ano e 18 mil mortes, segundo o Inca. A perda de massa muscular afeta cerca de 40% das pacientes e está ligada a maior toxicidade da quimioterapia, menor atividade física, falhas no tratamento e menor sobrevida.
O estudo reforça a importância de monitorar a saúde muscular desde o início do tratamento, para melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida das pacientes.
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