Responsabilidade Social • 16:40h • 24 de maio de 2025
Estudo revela como videogames promovem euforia de gênero e alegria para pessoas trans
Pesquisa mostra que design inclusivo nos jogos pode gerar bem-estar, autoestima e afirmação de identidade para jogadores trans
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Universidade de Monash | Foto: Divulgação

Uma pesquisa inédita conduzida por especialistas da Monash University, na Austrália, revelou como o design intencional e inclusivo de videogames pode gerar experiências de euforia de gênero para pessoas trans, promovendo alegria, bem-estar e afirmação de identidade. O estudo foi apresentado na conferência internacional ACM SIGCHI Conference on Human Factors in Computing Systems (CHI’25), realizada no Japão, um dos principais eventos do mundo na área de tecnologia e interação humano-computador.
A pesquisa analisou como determinadas escolhas de design, narrativas e mecânicas dentro dos jogos podem criar espaços seguros e experiências positivas, indo além da simples representação, e gerando o que se chama de euforia de gênero, um estado de felicidade e conforto quando uma pessoa sente que sua identidade de gênero é validada, respeitada e refletida de forma autêntica.
O estudo foi conduzido por quatro pesquisadoras especialistas em desenvolvimento de jogos, todas mulheres trans, que utilizaram suas vivências para direcionar os olhares e interpretações do trabalho. Foram analisados 25 jogos, com destaque para estudos de caso aprofundados em títulos como Cyberpunk 2077, Celeste, Animal Crossing: New Horizons e One Night, Hot Springs.
Os resultados indicam que jogos podem gerar euforia de gênero ao oferecer ferramentas de personalização de personagens, narrativas que integram personagens trans de forma natural (e não como exceções), além de proporcionar ambientes de exploração seguros, livres de estigmas e estereótipos.
A personagem Claire Russell e o jogo Cyberpunk
Um dos exemplos mais marcantes é a personagem Claire Russell, do jogo Cyberpunk 2077. Claire é uma mulher trans que não tem sua história reduzida à identidade de gênero. Ela é apresentada como uma personagem competente, forte e dona da própria narrativa, o que permite aos jogadores desenvolverem uma conexão afetiva com ela. Segundo o estudo, esse tipo de representação gera um fenômeno chamado de “euforia de gênero parasocial”, quando a relação com uma personagem fictícia traz conforto, pertencimento e validação.
“Nossa pesquisa mostra que os jogos podem criar experiências alegres e afirmativas para pessoas trans quando oferecem personagens autênticos, não estereotipados, e quando permitem que a identidade de gênero seja explorada e validada dentro da própria experiência de jogo”, explica Phoebe Toups Dugas, professora associada da Monash University e uma das autoras do estudo.
Ela destaca que, durante muito tempo, as representações trans nos jogos foram associadas a narrativas de dor, exclusão ou trauma. O novo estudo, no entanto, propõe uma mudança de perspectiva, focando na possibilidade dos jogos serem ferramentas de alegria, empoderamento e transformação social.
O estudo também oferece recomendações práticas para desenvolvedores e pesquisadores, incentivando a criação de espaços digitais que promovam bem-estar, segurança emocional e representação autêntica. E ressalta que os benefícios de um design inclusivo não se restringem às pessoas trans, eles ajudam a construir mundos virtuais mais ricos, diversos e acolhedores para todos.
“Quando projetamos para promover euforia de gênero, não estamos apenas beneficiando pessoas trans. Estamos tornando os jogos mais humanos, inclusivos e interessantes para todos os jogadores”, conclui Phoebe Toups Dugas.
A pesquisa foi conduzida pelo Exertion Games Lab, da Faculdade de Tecnologia da Informação da Monash University, em parceria com pesquisadores do Worcester Polytechnic Institute, nos Estados Unidos.
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