Ciência e Tecnologia • 15:49h • 21 de junho de 2024
Estudo revela sistema lucrativo por trás da desinformação científica nas redes sociais
ABC aponta que monetização de conteúdos falsos e exploração de crenças públicas sustentam desinformação
Da Redação | Com informações da Agência Brasil | Foto: Divulgação

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) lançou nesta quinta-feira (20) um estudo detalhado sobre a desinformação científica, destacando que esse fenômeno é alimentado por um ecossistema lucrativo.
A monetização de conteúdos enganosos e a exploração das crenças e emoções do público para ganho financeiro estão no centro desse problema.
Thaiane Oliveira, professora da Universidade Federal Fluminense e coordenadora do grupo que elaborou o relatório, explica que há dois aspectos principais nesse sistema lucrativo: o usuário produtor de desinformação que lucra vendendo serviços, produtos ou capital social, e as plataformas digitais que geram lucro com a visibilidade de conteúdos enganosos.
O relatório, intitulado "Desafios e estratégias na luta contra a desinformação científica", aponta que essa desinformação impacta negativamente a capacidade das pessoas de tomarem decisões informadas e reduz a confiança nas instituições científicas e governamentais.
Desinformação nas mídias sociais
As redes sociais se mostram um terreno fértil para a disseminação de informações falsas sobre ciência. Algoritmos que promovem conteúdos de acordo com as crenças do usuário agravam a situação, e um pequeno, mas crescente número de pseudocientistas com grande alcance nessas plataformas é motivo de preocupação.
Durante a pandemia, por exemplo, houve uma grande quantidade de desinformação sobre vacinas, e hoje, questões como meio ambiente e mudanças climáticas são alvos frequentes de desinformação.
O relatório reforça a importância de mobilizar a comunidade acadêmica e científica para regulamentar a disseminação de informações em plataformas digitais, impondo responsabilidade às empresas pela circulação de desinformação científica.
Inteligência artificial e novos desafios
O estudo também aborda o papel da inteligência artificial (IA) na disseminação de desinformação. Embora a IA possa ajudar na verificação de informações, ela também pode ser usada para propagar informações falsas.
É essencial desenvolver estratégias que evitem a disseminação indiscriminada de dados gerados por IA e promover ferramentas para identificação de conteúdo gerado por máquinas.
Recomendações e estratégias
O documento propõe várias recomendações para enfrentar a desinformação científica, incluindo:
- Promoção da divulgação científica, ampliando o acesso de estudantes a museus e treinando cientistas para comunicar seus estudos à imprensa.
- Fortalecimento da comunicação de universidades e instituições de pesquisa, com a criação de agências de notícias científicas especializadas.
- Investimento em educação midiática e científica, incorporando o tema nos currículos educacionais.
- Criação de linhas de pesquisa específicas para o enfrentamento da desinformação.
- Desenvolvimento de um plano de ação midiática, com apoio ao jornalismo científico e verificadores de fatos.
- Estabelecimento de redes especializadas contra a desinformação, defendendo a regulamentação de plataformas digitais.
Resultado de discussões e futuro da ciência
O relatório é fruto de discussões iniciadas em 2023 pela ABC, envolvendo 19 especialistas em desinformação e divulgação científica.
A análise apresenta um panorama dos fatores que influenciam o avanço e compartilhamento de informações falsas e oferece soluções viáveis para enfrentar essa crise.
O estudo busca fortalecer o pensamento crítico, a alfabetização científica e a valorização do conhecimento baseado em evidências, essenciais para o avanço da ciência e a proteção da saúde pública. Acreditar na ciência é crucial para um futuro melhor e sustentável.
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