Saúde • 13:51h • 31 de dezembro de 2025
Fim de ano e frustração: por que metas não cumpridas afetam tanto a saúde mental
Psicóloga explica como o período estimula comparações, autocrítica excessiva e por que ressignificar objetivos ajuda a transformar frustrações em aprendizado e bem-estar emocional
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da UNINASSAU | Foto: Arquivo/Âncora1
O fim do ano costuma funcionar como um marco simbólico para avaliações pessoais. É nesse período que muitas pessoas revisitam promessas feitas em janeiro, analisam o que foi ou não realizado e, frequentemente, se deparam com a sensação de frustração. Do ponto de vista psicológico, esse movimento ativa comparações entre o chamado “eu ideal” e o “eu real”, processo que pode gerar conflitos internos, desânimo e sensação de incapacidade, especialmente quando expectativas elevadas não se concretizam.
De acordo com a psicóloga Márcia Karine Monteiro, coordenadora do curso de Psicologia da UNINASSAU Recife, o impacto emocional desse balanço anual tende a ser intensificado pelas redes sociais. “O fim do ano potencializa comparações. As conquistas alheias parecem mais visíveis e constantes, o que pode reforçar a autocrítica e o sentimento de fracasso, mesmo quando a pessoa teve avanços significativos”, explica.
Autocrítica excessiva e sofrimento emocional
Segundo a especialista, quando a frustração vem acompanhada de autocrítica punitiva, emoções como culpa, vergonha, tristeza e ansiedade se tornam mais frequentes. Em alguns casos, esse estado emocional pode agravar quadros de ansiedade ou depressão já existentes. A Psicologia Positiva, no entanto, propõe uma leitura mais equilibrada da própria trajetória, reduzindo julgamentos rígidos e ampliando a capacidade de reconhecer aprendizados ao longo do ano.
Sentir frustração, por si só, não é algo negativo. Trata-se de uma resposta emocional natural que indica que determinada meta era importante. O problema surge quando o não cumprimento de objetivos passa a ser interpretado como falha pessoal. A Psicologia Humanista reforça que fracassos pontuais não definem identidade, competência ou valor individual.
Metas realistas fazem diferença
Outro ponto central está na análise das próprias metas. Objetivos muito rígidos ou pouco compatíveis com o contexto pessoal, emocional ou financeiro tendem a gerar mais sofrimento do que motivação. Avaliar fatores como tempo disponível, recursos e imprevistos ao longo do ano é essencial para uma leitura mais justa do que foi vivido.
“A autocrítica saudável promove reflexão e aprendizado. Já a autocrítica punitiva mina a autoestima e reforça a sensação de inadequação”, ressalta Márcia. Reconhecer pequenas conquistas, mesmo aquelas que não estavam no planejamento inicial, ajuda a fortalecer a percepção de autoeficácia e contribui para o equilíbrio emocional.
O papel do apoio social e da ajuda profissional
Compartilhar frustrações com amigos, familiares ou pessoas de confiança é outro fator relevante para a saúde mental. O apoio social reduz o isolamento emocional, valida sentimentos e amplia perspectivas, funcionando como um importante fator de proteção psicológica. Quando a frustração se torna persistente e começa a interferir no sono, no apetite, no trabalho ou nas relações, buscar acompanhamento profissional passa a ser fundamental.
Para a Psicologia, o fim do ano não representa um encerramento definitivo, mas um período de transição. Ressignificar esse momento como espaço de aprendizado, reorganização e replanejamento permite iniciar um novo ciclo com mais leveza. Substituir metas rígidas por intenções flexíveis, alinhadas ao autocuidado e ao processo, aumenta as chances de continuidade e crescimento pessoal.
“O fim do ano intensifica cobranças internas, mas metas não alcançadas não definem quem somos. Ajustar expectativas, reconhecer limites e valorizar avanços transforma a frustração em crescimento emocional e cuidado com a saúde mental”, conclui a psicóloga.
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