• Pedrinhas Paulista realiza campanha de coleta de pneus inservíveis nesta segunda-feira
  • Câncer antes dos 40: os desafios pouco falados que jovens enfrentam durante e após o tratamento
  • Crianças de Assis exploram arte e leitura em sábado criativo com oficinas e atividades no GEMA
Novidades e destaques Novidades e destaques

Política • 12:01h • 17 de julho de 2024

"Guerra cultural" via redes sociais estimula violência política

Avaliação é de especialistas ouvidos pela Agência Brasil

Agência Brasil | Foto: Divulgação / Redes Sociais

Especialistas comentam sobre a guerra nas mídias sociais
Especialistas comentam sobre a guerra nas mídias sociais

Os disparos contra o ex-presidente Donald Trump, nos Estados Unidos (EUA), reacenderam o debate sobre o aumento da violência política em algumas sociedades nos últimos anos, como a brasileira e a norte-americana.

Para especialistas consultados pela Agência Brasil, os discursos de ódio e a chamada “guerra cultural”, potencializada pelas redes sociais, alimentam essa violência política que tem características distintas da vivida durante a Guerra Fria, quando os EUA e a antiga União Soviética (URSS) disputavam influências no planeta, resultando nas ditaduras pela América Latina.

O pós-doutor do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP) sociólogo Pablo Almada destaca que a “guerra cultural” é uma estratégia usada não apenas para demarcar um posicionamento político, mas também criar espaços de batalha nas redes sociais. 

“A guerra cultural tem uma lógica bastante binária e excludente. Pensa-se em binarismos que são insuperáveis. É aquela ideia de nós, os nativos, contra os imigrantes. Nós, os locais, contra o globalismo, entre outras dicotomias. Isso cria um problema, que é muito grave, que é uma polarização que ultrapassa a esfera da política”, explicou.

Segundo o especialista, a “guerra cultural” é a disputa política no campo ideológico que disputa valores, crenças e normas culturais, sendo utilizada por grupos conservadores e de direita para manipular a opinião pública com retórica incendiária.

Almada avalia que essa lógica da “guerra cultural” ganhou força a partir dos anos 2010, especialmente com a eleição de Donald Trump, em 2016, quando o político republicano convocou o estrategista Steve Bannon para ser seu marqueteiro político.  

Violência legitimada

O professor da Universidade de Denver, dos Estados Unidos, e pesquisador do Washington Brazil Office (WBO) Rafael R. Ioris, avalia que a violência política tem crescido nos últimos anos impulsionada pelos discursos de ódio que pregam a intolerância e legitimam o uso da força para resolver questões políticas.

“Tem diferença entre os contextos nacionais, mas o que essa nova violência política tem em comum é essa visão autoritária e homogênea da sociedade que prega que as diferenças têm que ser eliminadas e que isso tem que ser resolvido pela força, se necessário. Então isso faz parte de uma dinâmica mais ampla”, avalia.

Para Ioris, imaginou-se no final do século 20 que a violência política poderia ser superada em algumas sociedades. Porém, o que se viu nos últimos anos foi o crescimento dessa violência no Brasil, na Europa, e em outros países da América Latina.

“É uma retomada desse discurso da violência, das forças mais oligárquicas, mais conservadoras, defendendo que não se deve admitir que a esquerda dê certo na América Latina, por exemplo. Há uma nova manifestação de ações violentas dentro da política. Isso é preocupante, até mesmo chocante, porque a gente imaginava que tinha superado isso”, destacou.

Redes sociais

Os dois especialistas destacaram o papel das redes sociais e da desinformação no crescimento da violência política atual. Para eles, a internet potencializou a disseminação de discursos de ódio que, antes da internet, não circulavam de forma tão ampla. 

“Uma das características dessa nova forma de violência política é que ela perpassa os discursos construídos nas redes sociais. A desinformação amplifica essas visões equivocadas que se tem sobre o outro. Não é simplesmente uma notícia falsa, é a construção de discursos e narrativas a partir de memes e virais que circulam amplamente nas redes sociais”, explica o pesquisador da USP Pablo Almada.

Para o especialista da WBO Rafael Ioris, as redes sociais são centrais para o estímulo à violência política. “A ferramenta das redes sociais não é o mal em si, mas como ela serviu como instrumento para dar muita voz para esse discurso anti-sistêmico. Isso foi fundamental”, acrescentou.

Democracia

O crescimento da violência política é um sintoma de uma crise nas ditas democracias liberais do mundo que, ao não conseguirem resolver os problemas dos povos, abrem espaço para atores que propõem uma ruptura da própria democracia, segundo avalia o professor da Universidade de Denver Rafael Ioris.

Para ele, há uma insatisfação crescente das pessoas nas sociedades modernas que, apesar de produzirem muitas riquezas, não são capazes de distribuí-las, concentrando os recursos no 1% mais rico.

“As pessoas não se sentem muito representadas pelos partidos que existem. Sentem que as eleições não dão conta das suas demandas. Com isso, um setor da população passa a defender a ruptura, ou seja, explodir tudo, romper com essa democracia”, acredita.

Para o sociólogo Pablo Almada, as instituições e práticas democráticas são alvos da “guerra cultural” e desinformação que circula nas redes, citando como exemplo os ataques aos resultados eleitorais no Brasil e nos Estados Unidos. 

“Os discursos da desinformação tencionam a democracia, deslegitimando as figuras que estão no poder público, os políticos. E, quando se deslegitima, acaba também associando às instituições às quais fazem parte. Por exemplo, a campanha de desinformação aqui no Brasil em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF)”, pontuou.

Juventude

O pós-doutor do Núcleo de Estudos da Violência da USP Pablo Almada acrescenta ainda que a desinformação disseminada pelas redes sociais tem apelo especial na juventude, que é o público que mais consome internet.

“Para os jovens, a rede social funciona como um espaço para obter informações. Muitos não lêem outros meios, como portais de notícias. Eles acessam suas mídias sociais com as notícias que lhes interessam. Isso também faz com que eles estejam mais vulneráveis a essa desinformação”, ponderou.

Para o pesquisador da WBO Rafael Ioris, é difícil dizer se a juventude, em sua maioria, aderiu aos discursos mais radicalizados. “Nessa eleição na França, muitos jovens insatisfeitos, com subemprego, também acabaram apoiando um pouco essa visão de explodir o sistema. Então, talvez sim, mas eu não sei se é uma coisa que dá para generalizar”, afirmou.

Últimas Notícias

Descrição da imagem

Cidades • 17:32h • 08 de junho de 2025

Pedrinhas Paulista realiza campanha de coleta de pneus inservíveis nesta segunda-feira

Iniciativa busca proteger o meio ambiente e combater focos do mosquito da dengue; população pode descartar pneus das 7h30 às 16h na Garagem Municipal

Descrição da imagem

Ciência e Tecnologia • 16:20h • 08 de junho de 2025

Nova pesquisa mostra como microalga limpa resíduos de antibióticos da água

Em laboratório, a espécie Monoraphidium contortum eliminou parte dos medicamentos adicionados ao líquido e produziu biomassa com potencial valor comercial

Descrição da imagem

Educação • 15:45h • 08 de junho de 2025

Brasil entra no Top 10 de ranking mundial de universidades

Com 53 instituições classificadas, país supera Canadá, Austrália e Suíça em avaliação internacional de ensino superior

Descrição da imagem

Saúde • 15:04h • 08 de junho de 2025

Câncer antes dos 40: os desafios pouco falados que jovens enfrentam durante e após o tratamento

Especialista da Mayo Clinic revela os três tópicos mais sensíveis para adolescentes e adultos jovens com câncer, incluindo saúde emocional, relacionamentos e qualidade de vida

Descrição da imagem

Saúde • 14:32h • 08 de junho de 2025

Própolis de abelha nativa da Amazônia cicatriza feridas e reduz inflamação

Produto natural da Amazônia teve resultado melhor que pomadas comuns e pode virar remédio no futuro

Descrição da imagem

Cidades • 14:08h • 08 de junho de 2025

Florínea reforça campanha de vacinação contra brucelose no primeiro semestre de 2025

Imunização é obrigatória para fêmeas bovinas e bubalinas de 3 a 8 meses e deve ser feita por veterinários habilitados até 30 de junho

Descrição da imagem

Saúde • 13:38h • 08 de junho de 2025

Stealthing: violência sexual silenciosa atinge milhares e segue sem punição no Brasil

Prática ainda invisibilizada é marcada pelo silêncio das vítimas, impacto na saúde mental e física, e falta de amparo legal

Descrição da imagem

Mundo • 13:06h • 08 de junho de 2025

Por que o Brasil virou destino internacional para transplante capilar?

País ocupa a terceira posição no ranking global de procedimentos, atrai pacientes estrangeiros e se consolida como polo de turismo médico na área de restauração capilar

As mais lidas

Ciência e Tecnologia

Como se preparar para o primeiro apagão cibernético de 2025

Especialistas alertam para a necessidade de estratégias robustas para mitigar os impactos de um possível colapso digital

Descrição da imagem

Cultura e Entretenimento

Quanto seria o ingresso se o show de Lady Gaga fosse pago?