Educação • 18:38h • 15 de dezembro de 2025
ITA 2026 expõe desigualdade de gênero em um dos vestibulares mais difíceis do país
Apenas 6% dos aprovados são mulheres em seleção que reuniu mais de 10 mil candidatos para 180 vagas
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da LVBA Assessoria | Foto: Divulgação
O vestibular 2026 do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), considerado um dos processos seletivos mais exigentes do Brasil, voltou a evidenciar um forte desequilíbrio de gênero entre os aprovados. Dos 180 candidatos que conquistaram uma vaga após a segunda fase do exame, apenas 10 são mulheres, o equivalente a 6% do total, enquanto 94% dos aprovados são homens.
Os números foram divulgados nesta sexta-feira, 12 de dezembro, junto à lista final de aprovados. Ao todo, 10.048 estudantes disputaram as vagas nos oito cursos de engenharia oferecidos pelo ITA. Entre os inscritos, 2.039 eram mulheres, o que representa cerca de 20% do total de candidatos. A proporção cai de forma significativa no resultado final, evidenciando um funil ainda mais estreito para elas em um ambiente historicamente masculino.
O desempenho feminino, embora numericamente reduzido, chama atenção pela alta colocação. Beatriz Saraiva da Silveira, de 21 anos, foi a primeira colocada entre as mulheres e alcançou a 18ª posição geral, em uma lista marcada por candidatos que, em muitos casos, dedicam anos exclusivamente à preparação.
Beatriz Saraiva da Silveira lidera um grupo seleto de mulheres integrantes do ITA | Foto: Divulgação
O vestibular do ITA é conhecido pelo grau elevado de dificuldade, com provas extensas, alto nível de abstração matemática e física, além de uma seleção rigorosa em múltiplas etapas. A disputa é intensa. Em 2026, a concorrência foi de aproximadamente 56 candidatos por vaga, um índice que reforça o caráter altamente seletivo do exame.
A trajetória de Beatriz ilustra o nível de exigência do processo. Ela iniciou a preparação ainda no ensino médio e passou por sucessivas tentativas até alcançar a aprovação. A estudante relata que o desgaste emocional e a repetição de reprovações são comuns entre candidatos do ITA, especialmente diante do discurso recorrente de que apenas “gênios” conseguem aprovação. Segundo ela, a constância e a disciplina se mostraram mais determinantes do que qualquer rótulo.
A baixa presença feminina entre os aprovados não é um fenômeno isolado desta edição. O ITA, ao longo de sua história, mantém um perfil majoritariamente masculino, reflexo de fatores estruturais que começam ainda na formação básica, como menor incentivo à permanência de meninas nas áreas de exatas e a falta de representatividade em carreiras de engenharia de alta complexidade.
Gustavo Orsi Sant'Anna e Rafael Barbosa Vaz aprovados no ITA 2025 | Foto: Divulgação
Apesar disso, especialistas em educação destacam que cada mulher aprovada rompe uma barreira simbólica importante, ampliando referências e demonstrando que o acesso é possível, ainda que desigual. A expectativa é que a visibilidade dessas trajetórias contribua para estimular novas candidatas e para aprofundar o debate sobre equidade em processos seletivos de altíssimo nível.
O ITA oferece 180 vagas anuais em cursos de engenharia e, ao final do primeiro ano, os alunos podem optar pela formação civil ou pela carreira militar no Quadro de Oficiais Engenheiros da Aeronáutica. A instituição segue como uma das mais prestigiadas do país, tanto pela excelência acadêmica quanto pela complexidade de seu vestibular.
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