Mundo • 19:32h • 11 de julho de 2025
Jornalismo repensa jeito de informar para reconquistar quem desistiu das notícias
Abordagem propõe foco em soluções, diálogo e responsabilidade para recuperar a confiança e engajamento da sociedade
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Universidade de Monash | Foto: Divulgação

Em um mundo marcado por conflitos e crises, cresce o número de pessoas que simplesmente desliga os alertas de notícias, alegando que o excesso de informação e a sensação de impotência são insuportáveis. Essa tendência de evasão informativa preocupa especialistas, pois ameaça a própria função social do jornalismo.
Em pesquisa recente da Universidade de Canberra, 69% dos entrevistados afirmaram evitar notícias de caráter geral, enquanto apenas 43% disseram confiar nas informações veiculadas pela imprensa. Em tempos de instabilidade global, com guerras na Ucrânia, em Gaza e tensões no Irã, essa desconexão do público com as notícias é perigosa e pede mudanças urgentes.
Para reverter esse cenário, especialistas defendem uma transformação no modo de se produzir notícias: o chamado jornalismo construtivo. A proposta tem sido aplicada em redações escandinavas por meio de iniciativas como o Constructive Institute, sediado em Aarhus, na Dinamarca. Em vez de simplesmente noticiar o embate entre lados ou inflamar discussões, o jornalismo construtivo busca ampliar o contexto, incentivar o diálogo e apontar soluções possíveis.
A professora Kate Torney, diretora do Constructive Institute Asia Pacific na Monash University, explica que o objetivo é substituir o paradigma de “fazer pessoas irritadas ficarem furiosas” por um modelo mais colaborativo e responsável. Em alguns veículos nórdicos, por exemplo, debates entre políticos de posições opostas ocorrem sob o compromisso de, ao final, listar ações concretas e assumir responsabilidades pelo avanço de soluções.
Esse formato, que valoriza o retorno dos entrevistados para atualizar o público sobre os resultados, tem demonstrado maior engajamento do público e satisfação de políticos, especialistas e cidadãos impactados pelos temas em discussão. Para os veículos de imprensa, a vantagem é reconquistar a audiência e fortalecer sua credibilidade.
A mudança não é apenas uma inovação editorial, mas uma resposta às demandas do próprio público. Na pesquisa da Universidade de Canberra, os entrevistados apontaram caminhos para aumentar a confiança na mídia: mais fatos e precisão (26%), menos viés e opinião (24%), maior profundidade (17%), mais transparência e responsabilidade (15%), melhor verificação (9%) e independência de interesses comerciais e políticos (9%).
Segundo Torney, o jornalismo construtivo não nega a complexidade dos problemas nem suaviza conflitos, mas busca oferecer um olhar mais amplo, informado e responsável. Ela destaca que, na Austrália, há exemplos crescentes de reportagens que seguem esse modelo, e iniciativas acadêmicas em parceria com o Constructive Institute já estudam os impactos dessa abordagem em outras regiões, como Ásia e Pacífico.
Em tempos de polarização e desinformação, o jornalismo construtivo surge como um antídoto, reafirmando a importância de manter o público informado, engajado e participante na construção de soluções. A publicação original pode ser lida aqui.
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