Saúde • 16:08h • 20 de novembro de 2025
Levantamento aponta apagão no diagnóstico do sono e baixa adesão ao tratamento no Brasil
Pesquisa indica alto índice de ronco entre brasileiros, baixa realização de polissonografia e riscos associados ao subdiagnóstico de apneia do sono
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Mention | Foto: Arquivo/Âncora1
Um levantamento realizado pela plataforma digital SleepUp mostrou que 48,4% dos brasileiros roncam, mas 86% nunca fizeram polissonografia, exame essencial para detectar distúrbios respiratórios do sono, apontando um cenário de subdiagnóstico que impacta diretamente a saúde cardiovascular e metabólica.
A pesquisa, conduzida em dezembro de 2023 com 2.439 pessoas, revelou obstáculos que vão desde desconhecimento e percepção equivocada de necessidade até dificuldades financeiras e falta de acesso. Entre os que nunca realizaram o exame, 51% acreditam não precisar, 42% não têm recursos, 31% não sabem onde fazê-lo e 27% alegam falta de tempo. Apenas 12,5% das polissonografias registradas ocorreram pelo SUS.
Impactos do subdiagnóstico no país
Os dados reforçam tendências observadas por instituições nacionais. Estudos do Instituto do Sono, como o EPISONO, estimam que um terço dos adultos da capital paulista apresenta apneia obstrutiva do sono. A Associação Brasileira do Sono calcula que 35% da população tenha algum grau de apneia ou ronco significativo, condições associadas a hipertensão, insuficiência cardíaca, diabetes e prejuízos cognitivos.
A CEO e cofundadora da SleepUp, Renata Bonaldi, ressalta que a adesão ao tratamento é decisiva para interromper ciclos de fadiga e danos à saúde. “O tratamento adequado reduz sintomas como sonolência diurna, melhora a qualidade de vida e diminui o risco de doenças cardiovasculares e metabólicas relacionadas ao sono irregular”, afirma.
Adesão baixa e abandono precoce
O levantamento também mostra que o início do tratamento não garante continuidade. Entre os entrevistados diagnosticados, 69% interrompem o tratamento em menos de um ano e 34% desistem ainda no primeiro mês. As alternativas citadas incluem CPAP, aparelhos intraorais e cirurgias corretivas, mas a manutenção permanece um desafio.
A experiência do analista Joel Banzatto, de 33 anos, exemplifica o cenário. Após ignorar por anos alertas sobre ronco e pausas respiratórias, só buscou diagnóstico quando desenvolveu hipertensão e cansaço crônico ao acordar. “Só procurei ajuda depois de descobrir que minha pressão estava alta e que o cansaço ao acordar não era normal”, relata.
Sono fragmentado e riscos ignorados
O estudo também identificou sinais de alerta na rotina dos brasileiros: 36,3% acordam cansados quase todos os dias e 26,2% já cochilaram ou adormeceram ao volante, indicando fragmentação do sono e privação crônica. A banalização do ronco ajuda a agravar o quadro, afastando o diagnóstico precoce.
Para Renata, o primeiro passo é ampliar a informação e facilitar o acesso ao cuidado. “Nosso foco é apoiar o paciente desde a triagem até o acompanhamento, ajudando a derrubar barreiras que ainda afastam muitos brasileiros do cuidado com o sono e, consequentemente, da boa saúde”, afirma.
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