Educação • 11:11h • 19 de maio de 2025
MEC estende prazo, mas mantém regras excludentes para apoio a cursinhos comunitários
Organizações cobram mais tempo, diálogo e critérios raciais no processo; Defensoria Pública da União também solicitou mudanças e ainda aguarda resposta oficial
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Pensata Com | Foto: Divulgação

Após forte mobilização de cursinhos populares e de organizações do Movimento Negro, o Ministério da Educação (MEC) prorrogou em dois dias o prazo de inscrições do edital do CPOP — que prevê apoio técnico e financeiro a projetos comunitários de preparação para o acesso ao ensino superior. Inicialmente, o prazo se encerraria na quarta-feira, 14 de maio. A nova data ainda não foi publicada oficialmente pelo MEC.
Apesar do adiamento, o gesto foi considerado insuficiente por lideranças do setor, que denunciam a ausência de diálogo efetivo, regras excludentes e a falta de critérios que considerem o recorte racial e territorial das iniciativas voltadas a quilombolas, indígenas e população negra periférica.
“O MEC mantém uma postura de silêncio diante de uma pauta construída historicamente pelos cursinhos populares e pelo movimento negro”, afirma Douglas Belchior, diretor do Instituto de Referência Negra Peregum e cofundador da Uneafro Brasil. “Prorrogar o prazo de um edital que segue excludente e sem diálogo não resolve a questão. Nem mesmo a manifestação formal da Defensoria Pública da União teve resposta”, critica.
As principais críticas ao edital
As organizações destacam quatro principais pontos de preocupação:
1. Exigência de CNPJ: Muitas iniciativas populares atuam em formato coletivo e não possuem registro formal como pessoa jurídica, o que impede a participação de uma grande parte dos cursinhos ativos em comunidades e periferias.
2. Padronização de carga horária: A regra que estabelece uma carga horária mínima semanal para os cursinhos não leva em conta a realidade de projetos conduzidos por voluntários, com recursos limitados e estrutura flexível.
3. Ausência de critérios raciais e territoriais: O edital não apresenta ações afirmativas que contemplem as populações mais vulneráveis, como negras, quilombolas e indígenas — justamente os públicos mais atendidos por esses cursinhos.
4. Prazo reduzido e falta de escuta pública: O tempo para as inscrições, mesmo com a prorrogação, é considerado insuficiente. Os organizadores exigem ao menos 30 dias para adequações e uma consulta pública com representantes do setor.
Pressão institucional
Na última segunda-feira (12), a Defensoria Pública da União enviou um ofício ao MEC solicitando ajustes no edital, apoiando integralmente os argumentos apresentados pelas organizações populares. A recomendação inclui a reabertura do edital, ampliação do prazo de inscrições e a reformulação de critérios que ampliem a inclusão de projetos comunitários.
Até o momento, o MEC não emitiu resposta oficial sobre o documento nem se manifestou publicamente sobre eventuais mudanças estruturais no CPOP.
O movimento também cobra a criação de um fórum permanente entre o Ministério e representantes dos cursinhos, para garantir diálogo contínuo e mais transparência nos processos que envolvem políticas públicas voltadas ao acesso à educação.
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