Mundo • 08:40h • 29 de outubro de 2025
Metanol: crise completa um mês com alerta para falsificação de bebidas
Já foram confirmados 58 casos e 15 mortes por intoxicação com produto
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Brasil | Foto: Governo de SP
Trinta dias após a divulgação dos primeiros nove casos suspeitos de intoxicação por metanol em bebidas, em 26 de setembro, várias medidas foram adotadas pelos órgãos públicos. A testagem ficou mais rápida, permitindo confirmar ou descartar casos em pouco tempo.
Hospitais de referência foram preparados, inclusive fora das áreas com contaminação confirmada, em estados das regiões Norte e Centro-Oeste. Os Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) atuaram na detecção dos casos, enquanto a vigilância sanitária e as polícias realizaram ações nos locais de venda e consumo.
Apesar das medidas, novos casos continuaram a surgir. As investigações apontaram que a contaminação teve origem na falsificação de bebidas, que utilizavam álcool combustível adulterado com metanol.
Entre o primeiro alerta do Ciatox de Campinas (SP) e a descoberta dos postos no ABC paulista que venderam o combustível adulterado, passaram-se vinte dias. Nesse período, foram registrados 58 casos de intoxicação e 15 mortes, a maioria em São Paulo.
Ainda não há confirmação se os casos de outros estados, como Paraná e Pernambuco, estão ligados à mesma rede de falsificação na Grande São Paulo.
Desde o início, o Ciatox já atribuía as intoxicações ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, de diferentes tipos. Os casos chamaram atenção pelo aumento rápido e pela gravidade dos sintomas. Mesmo com o alerta, o consumo de bebidas não caiu de imediato, e o tema só ganhou destaque na imprensa na semana seguinte, quando estados começaram a acionar seus órgãos de vigilância e segurança.
Em 7 de outubro, o governo federal criou um comitê para coordenar as ações de enfrentamento. No mesmo dia, foi enviada nova remessa de etanol farmacêutico aos hospitais e adquirido o antídoto fomepizol, para tratar casos graves.
No dia 8, o Instituto de Criminalística de São Paulo confirmou que o metanol encontrado nas garrafas contaminadas havia sido adicionado de forma artificial, em concentração muito acima da observada em processos naturais de destilação. No dia seguinte, a Polícia Técnico-Científica do estado adotou um novo protocolo para identificar bebidas adulteradas, reduzindo o tempo de análise.
O Ciatox de Campinas e o Laboratório de Toxicologia Analítica Forense da USP, em Ribeirão Preto, foram fundamentais para acelerar os testes. A resposta coordenada reduziu o impacto no comércio, que teve queda de cerca de 5% no consumo de bebidas em setembro, segundo a Abrasel.
Em 17 de outubro, vinte e um dias após o primeiro alerta, a Polícia Civil de São Paulo localizou dois postos que vendiam combustível adulterado com metanol. A descoberta ocorreu após a internação de um homem que havia consumido bebida falsificada na zona sul da capital. Pouco antes, os agentes já haviam encontrado a distribuidora onde as bebidas eram envasadas.
“O primeiro ciclo foi fechado. Vamos continuar as diligências para identificar a origem de todas as bebidas adulteradas no estado”, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian.
As investigações continuam. Nesse período, universidades também apresentaram soluções tecnológicas, como o “nariz eletrônico” desenvolvido pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O equipamento consegue identificar metanol em uma única gota de bebida, transformando o aroma em dados que alimentam um sistema de inteligência artificial capaz de reconhecer odores diferentes do original.
De acordo com o boletim divulgado na sexta-feira (24), há 58 casos confirmados e 50 em investigação. Outros 635 foram descartados. Até o momento, foram registradas 15 mortes — nove em São Paulo, seis no Paraná e seis em Pernambuco. Mais nove óbitos seguem em análise.
O caso também chegou ao Legislativo. Em São Paulo, uma CPI vai ouvir autoridades estaduais sobre o combate à falsificação de bebidas. Já na Câmara dos Deputados, pode ser votado nesta semana o projeto de lei 2307/07, que transforma em crime hediondo a adulteração de alimentos e bebidas.
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