Responsabilidade Social • 15:08h • 13 de julho de 2025
Morcegos ajudam a manter a floresta em pé, mas desmatamento na BR-319 ameaça espécies
Pesquisadora do Inpa destaca papel dos morcegos na polinização, controle de pragas e regeneração de florestas amazônicas, alertando para impactos do avanço da rodovia
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da UP Comunicação | Foto: Divulgação

Apesar de muitas vezes serem temidos ou associados à transmissão de doenças como a raiva, os morcegos cumprem funções indispensáveis para a saúde dos ecossistemas amazônicos. Um artigo recente da doutoranda em Ecologia Daniela Bôlla, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), publicado no Observatório BR-319, mostra como esses mamíferos são peças-chave para a manutenção da biodiversidade, sobretudo na área de influência da rodovia BR-319.
Segundo Bôlla, são 27 espécies de morcegos já identificadas nessa região, que utilizam diferentes abrigos como copas de árvores, troncos ocos e até cupinzeiros abandonados. Um exemplo curioso é o morcego-de-ventosa (Thyroptera tricolor), um minúsculo animal de cerca de cinco gramas que usa ventosas nos pés e antebraços para se fixar dentro de folhas jovens de bananeiras nativas.
Esses animais prestam serviços ambientais de alto valor econômico e ecológico. Eles polinizam plantas comerciais como banana, pequi e piquiá, ajudando a manter a produção agrícola. Também exercem um importante papel no controle biológico de pragas, reduzindo a necessidade de agrotóxicos, um ganho direto para a saúde humana e para o bolso dos produtores. Há ainda espécies frugívoras, que espalham sementes em voo, contribuindo para a regeneração de áreas degradadas.
“Todos nós convivemos com muitas espécies de morcegos e nem sabemos. Não são vilões, são seres extremamente importantes para que outros animais coexistam e para que nós, humanos, tenhamos comida abundante e menos envenenada por agroquímicos em nossa mesa”, afirma Daniela Bôlla.
No entanto, o principal risco para essas espécies é a perda de habitat. As florestas ao redor da BR-319, ainda bem preservadas em muitos trechos, oferecem abrigo, alimento e local seguro para reprodução. Essa relação de interdependência entre morcegos, plantas e outros animais garante o equilíbrio dinâmico da floresta.
Com o avanço do desmatamento na região, cresce o alerta para os impactos diretos sobre esses animais e os serviços ecossistêmicos que eles prestam. “A preservação desses ecossistemas é o que garante o tão frágil equilíbrio dinâmico amazônico”, reforça a pesquisadora.
Daniela Bôlla estuda morcegos há mais de dez anos e é a primeira autora do livro “Na escuridão da Floresta Amazônica, lá estão os… morcegos da BR-319”, que conta com versões em português e inglês. Seu trabalho busca ampliar o conhecimento sobre essas espécies e sensibilizar a sociedade para a importância de manter a floresta em pé.
Aviso legal
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, integral ou parcial, do conteúdo textual e das imagens deste site. Para mais informações sobre licenciamento de conteúdo, entre em contato conosco.
Últimas Notícias
As mais lidas
Ciência e Tecnologia
Como se preparar para o primeiro apagão cibernético de 2025
Especialistas alertam para a necessidade de estratégias robustas para mitigar os impactos de um possível colapso digital