Responsabilidade Social • 09:18h • 18 de outubro de 2025
Mortes causadas pelo calor podem dobrar e afetar principalmente idosos
Previsão faz parte do projeto Mudanças Climáticas e Saúde Urbana
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Brasil | Foto: Arquivo Âncora1
O calor já é responsável por cerca de 1 em cada 100 mortes na América Latina, e esse número pode mais que dobrar nas próximas duas décadas. O alerta vem de uma análise feita em 326 cidades da Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, México, Panamá e Peru, que considerou o envelhecimento natural da população e cenários moderados de aquecimento global, com aumento de 1°C a 3°C entre 2045 e 2054.
Atualmente, as mortes relacionadas ao calor representam 0,87% do total, mas podem chegar a 2,06% no pior cenário.
“As pessoas idosas e as mais pobres são as que mais sofrem. Quem vive em áreas periféricas, em moradias precárias e sem acesso a ar-condicionado ou a espaços verdes enfrenta mais dificuldade para suportar ondas de calor cada vez mais intensas. As mortes são apenas a ponta do iceberg — o calor extremo aumenta o risco de infartos, insuficiência cardíaca e outras complicações, especialmente em quem tem doenças crônicas”, explica Nelson Gouveia, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP e um dos autores do estudo.
No Brasil, a pesquisa utilizou dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do DataSUS, e do Censo Demográfico do IBGE. Assim como em outros países da região, a tendência é de crescimento nas mortes ligadas a temperaturas extremas — tanto por calor quanto por frio. O aumento da população com mais de 65 anos, previsto para a década de 2045 a 2054, deve ampliar ainda mais o grupo de risco.
Os pesquisadores destacam que parte dessas mortes pode ser evitada com políticas de adaptação climática, como planos de ação para ondas de calor, reformas urbanas que reduzam a exposição a altas temperaturas e medidas voltadas especialmente a idosos e pessoas com deficiência.
Entre as ações recomendadas estão sistemas de alerta precoce com linguagem acessível, ampliação de áreas verdes e corredores de ventilação urbana, campanhas educativas sobre os riscos do calor e cuidados pessoais, além de protocolos de saúde pública para atendimento prioritário a pessoas vulneráveis — como já ocorre no Rio de Janeiro.
O estudo integra o projeto Mudanças Climáticas e Saúde Urbana na América Latina (Salurbal-Clima), que reúne cientistas de nove países latino-americanos e dos Estados Unidos. Com duração prevista entre 2023 e 2028, o Salurbal busca evidências sobre os impactos das mudanças climáticas na saúde da população da região.
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