Saúde • 15:31h • 09 de agosto de 2025
Moto cresce como opção perigosa para quem teve mobilidade negada
País tinha 29 milhões de motos em circulação em junho de 2025
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência SP | Foto: Arquivo Âncora1

No início de 2024, Laura Maria de Oliveira, de 59 anos, que trabalhava como diarista, conseguiu um emprego formal como empregada doméstica no Rio de Janeiro. No dia 1º de março, ela usou uma moto de aplicativo para chegar mais rápido ao trabalho, mas acabou se envolvendo em um acidente quando um carro mudou de faixa sem sinalizar e bateu na moto.
Laura ficou 14 dias internada, passou por cirurgias no braço e no nervo radial, e ainda precisa de um terceiro procedimento para melhorar os movimentos do cotovelo. Mesmo após um ano e meio, ela não conseguiu voltar ao trabalho e evita andar de moto, mesmo com familiares que pilotam.
O crescimento do uso de motos no Brasil é uma alternativa arriscada para quem enfrenta dificuldades de mobilidade. Segundo Victor Pavarino, especialista em segurança viária da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o aumento das motos reflete falhas no transporte público e na estrutura das cidades, feitas para carros.
Motos são mais acessíveis para famílias de menor renda e também são usadas por trabalhadores informais, como entregadores, que enfrentam jornadas longas e inseguras. De 2015 a 2024, a frota de motos cresceu 42%, chegando a 35 milhões no país.
Apesar de facilitar a mobilidade, as motos são veículos vulneráveis e representam quase 40% das mortes no trânsito em 2023, mesmo sendo cerca de 22% da frota. Nos estados do Norte e Nordeste, onde as motos superam os carros, o índice de acidentes é ainda maior.
Para reduzir acidentes, Pavarino destaca a importância da fiscalização, uso de capacete e equipamentos de segurança, além da melhoria do transporte público para evitar que mais pessoas migrem para as motos. Também aponta a necessidade de regulamentação para motociclistas de aplicativos, que enfrentam jornadas longas e condições difíceis.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, alerta que as emergências hospitalares estão lotadas com vítimas de acidentes de moto, comprometendo outros atendimentos. Ele defende parcerias para prevenir infrações de trânsito e medidas para facilitar a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), já que metade dos motociclistas não tem habilitação.
“A moto é uma solução para quem não tem alternativa, mas precisamos de um sistema de mobilidade mais seguro e justo para todos”, conclui Pavarino.
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