Ciência e Tecnologia • 14:52h • 21 de dezembro de 2025
Novo Espaço Meteorológico da USP conecta história, dados e previsões do tempo
Novo espaço do CienTec-USP conecta história, ciência e dados em tempo real para explicar como a meteorologia observa o clima e constrói previsões
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Sensu Comunicação | Foto: Divulgacao_IAG/USP
A Universidade de São Paulo inaugura, no dia 7 de fevereiro de 2026, às 10h, um espaço permanente dedicado à história e à ciência da meteorologia. Instalado no hall do prédio principal do Parque de Ciência e Tecnologia da USP, o CienTec-USP, o novo Espaço Meteorológico reúne mais de um século de observações do tempo em São Paulo, combinando dados científicos, instrumentos históricos e informações exibidas em tempo real.
O espaço é resultado de uma parceria entre a Estação Meteorológica Professor Paulo Marques do Santos, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, e o CienTec-USP. A proposta é aproximar o público do processo científico que sustenta a previsão do tempo e o estudo do clima, conectando passado, presente e futuro da meteorologia de forma acessível.
No centro da exposição está um grande painel que reúne história e ciência. Na parte superior, uma série temporal da temperatura média anual utiliza cores para indicar variações em relação à média histórica, com tons de azul representando anos mais frios e tons de vermelho, anos mais quentes. Segundo o professor Carlos Augusto Morales Rodriguez, do IAG-USP, o painel permite visualizar de forma direta o aquecimento observado nas últimas décadas na região de São Paulo.
USP inaugura espaço permanente que explica como o clima é medido e previsto; prévia do espaço
Abaixo, um segundo gráfico apresenta a chuva anual em porcentagem em relação à média histórica. A escolha pelo formato percentual torna a informação mais intuitiva para o público. Os dados mostram que, ao longo de cerca de nove décadas, a precipitação anual aumentou aproximadamente 400 milímetros, chegando a cerca de 60% acima da média em determinados períodos. De acordo com Morales, o aumento de temperatura e de chuva ocorre de forma relacionada, já que uma atmosfera mais quente consegue reter mais vapor de água.
Uma linha do tempo que acompanha a cidade
A exposição apresenta uma linha do tempo que acompanha a própria transformação de São Paulo. A primeira estação meteorológica conhecida da cidade foi instalada em 1888, no Jardim da Luz. Em 1895, foi transferida para a Praça da República e, em 1912, passou a operar na Avenida Paulista, então um dos principais eixos de expansão urbana.
Em 1932, a estação foi transferida para o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, área que hoje abriga o CienTec-USP. Poucos anos depois, em 1941, foi criado o Instituto de Astronomia e Geofísica, que em 1946 passou a integrar oficialmente a USP, estruturando de forma permanente a pesquisa meteorológica na universidade.
Continuidade que garante ciência confiável
A partir da década de 1950, a estação passou a realizar observações horárias, ampliando a qualidade dos dados. Em 1957, os instrumentos foram atualizados, mantendo o mesmo princípio de funcionamento. Essa padronização, segundo Morales, é essencial para garantir a comparabilidade dos dados ao longo de décadas, sem interferências tecnológicas artificiais.
Em 1998, a estação foi incorporada à rede da Organização Meteorológica Mundial, integrando um grupo restrito de estações com séries históricas longas e confiáveis. Em 2007, entrou na era digital com a instalação da Estação Meteorológica Automática, sem romper a compatibilidade com os dados históricos.
USP abre espaço interativo que revela mais de um século do clima em São Paulo; prévia do espaço
Formação acadêmica e impacto nacional
O espaço também destaca o papel da USP na formação de profissionais da área. O curso de graduação em Meteorologia teve início em 1977, após a criação do Departamento de Meteorologia e do programa de pós-graduação. Desde então, a universidade formou centenas de meteorologistas, mestres e doutores que atuam em centros de pesquisa, universidades, serviços meteorológicos e órgãos públicos em todo o país.
Dados que dialogam com o debate climático global
As séries históricas da estação do IAG-USP também são utilizadas para validar modelos climáticos globais. Segundo Morales, trata-se de uma das poucas estações no mundo com mais de 90 anos de dados contínuos capazes de confirmar projeções utilizadas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. O objetivo do espaço, porém, é apresentar evidências e estimular a reflexão informada, sem simplificações.
Instrumentos, dados em tempo real e educação científica
Além do painel histórico, o visitante poderá ver instrumentos meteorológicos antigos e atuais, como termômetros, pluviômetros, barômetros e anemômetros. Um monitor exibirá dados em tempo real, permitindo compreender como medições de temperatura, umidade, pressão e vento se transformam em previsões consultadas diariamente em aplicativos e telejornais.
Com cerca de 25 metros quadrados, o Espaço Meteorológico funcionará de forma permanente durante o horário de funcionamento do CienTec-USP, com visitas espontâneas e atividades educativas. A proposta é transformar a meteorologia em uma experiência acessível, mostrando que o clima da cidade é resultado de medições contínuas, ciência rigorosa e trabalho acumulado por gerações.
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