Ciência e Tecnologia • 12:39h • 24 de junho de 2025
Novo medicamento estimula gasto de energia e mostra potencial contra a obesidade
Em testes com animais, a molécula desenvolvida na América do Sul se mostrou capaz tanto de prevenir o acúmulo de gordura quanto de tratar a obesidade já instalada e as disfunções metabólicas associadas. Primeiros estudos em humanos atestaram a segurança do composto
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência SP | Foto: Arquivo Âncora1

Um estudo publicado na revista Nature Metabolism apresentou um medicamento experimental que ajuda o corpo a gastar mais energia, favorecendo a perda de peso. Em testes com animais, o composto — chamado SANA — preveniu o acúmulo de gordura em dietas ricas em lipídios e também reverteu casos já instalados de obesidade e problemas metabólicos, como resistência à insulina. Os primeiros resultados em humanos indicam que a substância é segura e pode melhorar o metabolismo.
“O composto levou à perda de peso e melhora da glicemia em pacientes obesos no estudo de fase 1. Agora, vamos iniciar a fase 2, voltada para testar a eficácia no tratamento da obesidade”, explicou o pesquisador Carlos Escande, do Institut Pasteur de Montevidéu, responsável pela pesquisa.
Derivado do salicilato — substância com ação analgésica e anti-inflamatória encontrada em plantas — o SANA foi criado inicialmente como uma droga anti-inflamatória. Mas os testes mostraram que, além disso, ele ativa a termogênese, ou seja, faz com que células de gordura queimem energia na forma de calor.
Nos testes com camundongos, o medicamento impediu o ganho de peso mesmo com dieta gordurosa. E em animais já obesos, reduziu em 20% a massa corporal, além de melhorar a glicemia, a sensibilidade à insulina e reduzir a gordura no fígado — condição para a qual ainda não há remédio eficaz.
O diferencial do SANA é o modo de ação. Ele atua diretamente no tecido adiposo, sem afetar o sistema nervoso ou o apetite, e usa a creatina como combustível para gerar calor. O efeito acontece mesmo em animais que não produzem a proteína UCP1, normalmente envolvida nesse processo.
Pesquisadores brasileiros da USP, Unicamp e UFRJ participaram do estudo e confirmaram que o composto ativa um mecanismo chamado "ciclo fútil da creatina", que consome energia celular para produzir calor. Isso abre caminho para a combinação com outros tratamentos já usados contra a obesidade, como os análogos de GLP-1 (semaglutida e similares).
“Esses remédios reduzem o apetite, mas também podem levar à perda de massa magra. O SANA, por atuar de forma diferente, pode ser uma alternativa ou um complemento importante”, avalia o pesquisador Marcelo Mori, da Unicamp.
A expectativa dos cientistas é iniciar em breve os testes clínicos mais amplos em humanos para avaliar a eficácia do SANA no combate à obesidade.
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