Ciência e Tecnologia • 16:10h • 12 de novembro de 2025
O elo humano da era digital: por que a segurança online começa com pessoas
Com 84% das tentativas de ataques cibernéticos da América Latina concentradas no Brasil, especialistas alertam que o principal risco ainda é humano, não tecnológico
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria de Imprensa NR7 | Foto: Arquivo/Âncora1
O Brasil vive um paradoxo: é um dos países que mais avançam em transformação digital, mas também um dos que mais sofrem com ataques cibernéticos. Somente no primeiro semestre de 2025, o país registrou 314,8 bilhões de tentativas de invasões virtuais, segundo levantamento da SPP Digital Monitoring Society (SPPDMS) — o equivalente a 84% de todas as ocorrências registradas na América Latina e no Canadá no mesmo período.
O aumento também foi identificado em ataques de engenharia social, como golpes por e-mail e aplicativos de mensagem, que cresceram 21% no segundo trimestre, de acordo com relatório da Check Point Research. O estudo aponta que a vulnerabilidade não está apenas nos sistemas, mas principalmente nas pessoas. Falta preparo para identificar ameaças, tornando o usuário o elo mais frágil da cadeia digital.
Esse desequilíbrio entre tecnologia e capacitação preocupa especialistas. Uma pesquisa da Beephish mostrou que apenas 30,6% das empresas brasileiras possuem políticas formais de gestão de consequências em caso de incidentes. “Ferramentas fortalecem sistemas. Pessoas fortalecem organizações. A verdadeira segurança nasce quando cada indivíduo entende o risco, protege a informação e age com consciência e ética no ambiente digital”, afirma Rafael Dantas, Head de Segurança Cibernética da TLD, empresa brasileira de tecnologia.
A educação digital, segundo Dantas, deve ser vista como pilar essencial da cibersegurança moderna. Essa visão também embasa a Estratégia Nacional de Cibersegurança (E-Ciber 2025), instituída pelo Decreto nº 12.573/2025, que coloca a educação como eixo central das políticas públicas de proteção digital. O objetivo é desenvolver competências técnicas e comportamentais em toda a sociedade, da administração pública às famílias conectadas.
“Educação digital vai muito além de saber usar a internet com segurança. É sobre criar consciência digital, entender direitos, privacidade, golpes e desinformação. Assim como aprendemos sobre trânsito e cidadania, precisamos aprender a viver de forma segura no ambiente virtual”, reforça Dantas.
O debate também avança no campo social e jurídico. O PL 2.628/2022, aprovado em agosto, cria diretrizes específicas para a proteção de crianças e adolescentes em ambientes digitais, incentivando campanhas educativas e parcerias público-privadas. O projeto busca levar o tema da segurança cibernética para dentro das escolas, das famílias e das redes sociais.
“A educação digital é o novo alfabetismo do século XXI. Ensinar segurança é ensinar responsabilidade, e esse é o caminho para um futuro tecnológico mais humano e seguro”, conclui o especialista.
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