Classificados • 09:19h • 15 de dezembro de 2025
O que acontece depois que o currículo é enviado e por que tantos candidatos nunca recebem retorno
Triagem automática, excesso de inscrições e falhas recorrentes ajudam a explicar o silêncio nos processos seletivos
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Arquivo/Âncora1
Enviar um currículo costuma parecer o início de um caminho direto para uma entrevista. Para muitos candidatos, a expectativa é de que alguém avalie o perfil e responda em poucos dias. Na prática, porém, o processo seletivo envolve uma série de etapas invisíveis que definem quem avança e ajudam a explicar por que tantos profissionais ficam sem qualquer retorno.
Segundo Daniel Monteiro, founder da Yellow rec, consultoria especializada em recrutamento e seleção, compreender o que acontece nos bastidores é essencial para aumentar as chances de ser notado em um mercado cada vez mais competitivo.
A primeira barreira enfrentada pelo candidato é tecnológica. A maioria das empresas utiliza sistemas de rastreamento de candidatos, conhecidos como ATS, responsáveis pela triagem inicial dos currículos. Esse software analisa automaticamente palavras-chave, formação mínima, tempo de experiência, requisitos técnicos e até a formatação do arquivo.
Currículos com modelos excessivamente gráficos, erros de digitação, informações incompletas ou que não contenham termos alinhados à descrição da vaga podem ser descartados em poucos segundos, sem que um recrutador humano chegue a visualizá-los.
De acordo com Monteiro, é comum que profissionais qualificados fiquem fora do processo simplesmente porque o currículo não dialoga com os critérios básicos definidos no sistema.
Outro fator decisivo é o volume de inscrições. Vagas de entrada ou amplamente divulgadas podem receber centenas ou até milhares de currículos em poucos dias. Já cargos mais estratégicos, embora tenham menos candidatos, exigem análises mais profundas e apresentam menor aderência média entre perfil e vaga.
Esse cenário impacta diretamente o tempo de resposta. Mesmo quando o currículo passa pelo filtro automático, o recrutador precisa realizar uma triagem manual, entrar em contato com candidatos, conduzir entrevistas e alinhar expectativas com gestores. Em muitos casos, o mesmo profissional de RH conduz vários processos simultaneamente.
Segundo o especialista, a percepção de avaliação imediata raramente corresponde à realidade. Cada empresa possui fluxos internos complexos que podem levar semanas, especialmente quando o processo não é totalmente profissionalizado.
A resposta não chega
A ausência de feedback é uma das maiores frustrações de quem busca recolocação. Embora muitas empresas afirmem adotar práticas mais transparentes, a falta de retorno ainda lidera as reclamações de candidatos. Entre os principais motivos estão a escala elevada de inscritos, limitações internas que impedem feedbacks individualizados e equipes de RH reduzidas, concentradas nas etapas consideradas mais críticas.
Ainda assim, Monteiro avalia que o setor vem avançando, com a adoção de sistemas que enviam notificações automáticas, atualizações de status e maior clareza sobre as etapas do processo.
Para ele, o feedback deveria ser tratado como parte central da experiência do candidato. Segundo o fundador da Yellow rec, trata-se de uma etapa que demanda pouco tempo, mas tem impacto direto na percepção de respeito e profissionalismo da empresa.
Durante as triagens, alguns erros aparecem com frequência. Currículos genéricos enviados para qualquer vaga, falta de informações objetivas sobre resultados, dados desatualizados, candidaturas sem aderência ao perfil e ausência de preparo mínimo para entrevistas iniciais estão entre os problemas mais recorrentes.
Pequenos ajustes, como adaptar o currículo à vaga, revisar palavras-chave e manter uma estrutura clara e objetiva, podem aumentar significativamente as chances de avançar no processo.
No fim, a seleção não depende apenas da experiência profissional, mas da capacidade de comunicar competências de forma estratégica dentro de um sistema altamente competitivo. Para Monteiro, compreender os bastidores ajuda o candidato a ajustar expectativas e interpretar o silêncio não como desinteresse pessoal, mas como parte de um modelo que ainda busca mais eficiência e transparência.
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