Saúde • 09:20h • 24 de setembro de 2025
Pediatras alertam para aumento de autoagressão entre adolescentes
Acolhimento da família, escola e serviços de saúde é fundamental
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Brasil | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
A cada 10 minutos, um caso de autoagressão entre adolescentes de 10 a 19 anos é registrado no Brasil, segundo levantamento divulgado na segunda-feira (22) pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A entidade reforça que a escuta atenta e o acolhimento são essenciais, além da observação de sinais de alerta como tristeza persistente, abandono de atividades antes prazerosas e exposição deliberada a situações de risco.
O estudo foi elaborado a partir de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que reúne registros da rede de atenção à saúde e, em alguns municípios, também de escolas e centros de assistência social. Realizado no contexto do Setembro Amarelo, o levantamento mostra que, nos últimos dois anos, a média chegou a 137 atendimentos por dia entre adolescentes, envolvendo tanto violência autoprovocada quanto tentativas de suicídio.
Subnotificação
A SBP alerta que os números podem ser ainda maiores devido à subnotificação, causada por falhas no registro ou na comunicação de ocorrências, especialmente em serviços privados ou no ambiente escolar. Como os registros do Sinan são obrigatórios, a ausência de notificações reflete lacunas que distorcem a realidade.
Escuta e acolhimento
Pais, responsáveis e educadores devem estar atentos e oferecer apoio aos adolescentes, destaca a SBP. O acompanhamento pediátrico também é fundamental, já que o médico pode identificar precocemente sinais de risco e orientar tanto o jovem quanto sua família.
Onde buscar ajuda
Adolescentes, familiares ou qualquer pessoa com pensamentos suicidas devem buscar apoio em redes de confiança ou em serviços de saúde. O Ministério da Saúde reforça a importância de conversar e pedir ajuda. Entre os locais de atendimento estão:
- Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e Unidades Básicas de Saúde;
- UPAs, SAMU 192, prontos-socorros e hospitais;
- Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo telefone 188 (ligação gratuita), disponível 24 horas por dia com sigilo garantido.
Regiões
O Sudeste concentra quase metade das notificações (46.918 em 2023 e 2024), puxado por São Paulo (24.937). Em seguida aparecem o Nordeste (19.022), com destaque para Ceará e Pernambuco; o Sul (19.653), liderado pelo Paraná; o Centro-Oeste (9.782), com números expressivos em Goiás e no Distrito Federal; e o Norte (5.303), com maiores registros no Pará e em Tocantins.
Casos graves e mortes
Nos últimos dois anos, 3,8 mil adolescentes precisaram ser internados por autoagressão — cerca de cinco hospitalizações por dia, principalmente entre os de 15 a 19 anos. Além disso, cerca de mil adolescentes morrem por suicídio todos os anos no Brasil. Em 2023 foram 1,1 mil óbitos, e em 2022, 1,2 mil, de acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).
Sinais de alerta
Entre os indícios que podem indicar risco estão:
- tristeza constante;
- abandono de atividades prazerosas;
- episódios de autolesão;
- busca por situações de risco;
- ausência de planos ou expectativas para o futuro.
Segundo a SBP, a adolescência é um período de mudanças intensas, vulnerabilidade emocional e maior exposição a pressões externas. O avanço de problemas como ansiedade e depressão entre crianças e jovens também preocupa, agravado por fatores como sobrecarga familiar, foco escolar excessivo no conteúdo, falta de acompanhamento médico contínuo e riscos associados ao ambiente digital.
Entre os principais fatores de risco para o suicídio estão a impulsividade, a baixa autoestima, a solidão, o estigma em torno da saúde mental e o fácil acesso a meios letais.
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