• Embaixada dos EUA exige perfis abertos em redes sociais para concessão de vistos F, M e J
  • Conheça as áreas da tecnologia que mais contratam mulheres no Brasil em 2025
  • Corpo de Bombeiros de SP cria guia sobre prevenção a incêndios em áreas rurais
Novidades e destaques Novidades e destaques

Saúde • 13:06h • 03 de fevereiro de 2025

Periodicidade de mamografias divide médicos e autoridades de saúde

Especialistas recomendam diagnóstico precoce para curar câncer de mama

Agência Brasil | Foto: José Cruz/Agência Brasil

Atualmente, o rol garante direito à mamografia bilateral para mulheres de qualquer idade, conforme indicação médica, e mamografia digital, dos 40 aos 69 anos.
Atualmente, o rol garante direito à mamografia bilateral para mulheres de qualquer idade, conforme indicação médica, e mamografia digital, dos 40 aos 69 anos.

A partir de quantos anos se deve fazer a mamografia de rastreio, ou seja, como um exame de rotina, mesmo sem sintomas? Para autoridades públicas, como o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o ideal é que a mamografia seja feita a cada dois anos por todas as mulheres entre 50 e 69 anos. Algumas entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), entretanto, recomendam exame anual a partir dos 40 anos.

As divergências ganharam notoriedade há alguns dias, depois que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) fez consulta pública sobre as atualizações do Manual de Boas Práticas em Atenção Oncológica, usado no Programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde. Órgão regulador dos planos de saúde, cabe à ANS fiscalizar o serviço prestado e criar normas e outras iniciativas que melhorem o atendimento à população.

Entre os critérios para que as operadoras de planos de saúde sejam certificadas, está a realização de exames de rastreamento de diversos tipos de câncer, o que contribui para o diagnóstico precoce. No caso do câncer de mama, a minuta elaborada pela ANS estabelece o rastreamento organizado, com a convocação de todas as beneficiárias dentro da faixa etária para fazer a mamografia e outros exames complementares que forem necessários.

Até esse ponto, há consenso. "A melhor maneira de desenvolver a linha de cuidados do câncer é tentar fazer o diagnóstico da doença o mais precocemente possível. Porque quanto mais precoce for o diagnóstico, o tratamento é mais efetivo e é menos dispendioso", diz o diretor-geral do Inca, Roberto Gil.

A mastologista Rosemar Rahal, que integra a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), complementa: "Este é o caminho, não tenho dúvida. Os países que reduziram a mortalidade por causa de câncer de mama conseguiram fazendo o rastreamento organizado."

Divergências

A ANS decidiu, entretanto, seguir em sua minuta o protocolo do Inca, que também é adotado no Sistema Único de Saúde (SUS) e preconiza a realização de mamografia de rastreio apenas a partir dos 50 anos, com intervalo de dois anos entre os exames, caso nenhum problema seja encontrado. "O rastreamento do câncer deve ser direcionado às mulheres na faixa etária e periodicidade em que há evidência conclusiva sobre redução da mortalidade por câncer de mama e em que o balanço entre benefícios e possíveis danos à saúde dessa prática seja mais favorável", diz a minuta.

A escolha motivou protestos de várias entidades médicas, que defendem a inclusão de pessoas de 40 a 50 anos e a realização anual dos exames. "Esse já é um posicionamento das sociedades médicas há alguns anos. Nós já temos três diretivas publicadas pela SBM, pela Febrasgo [Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia] e pelo Colégio Brasileiro de Radiologia nos anos de 2012, 2017 e 2023, colocando o que essas três sociedades médicas consideram como sendo ideal para o rastreamento mamográfico no Brasil. (...) Porque nós temos no Brasil 25% dos cânceres de mama entre 40 e 50 anos de idade. Então, se nós fazemos esse rastreamento só a partir dos 50 anos, estaremos postergando o diagnóstico. Essa lesão prolifera dentro desse tecido mamário e chega para gente em um estágio mais avançado", afirma Rosemar Rahal.

O diretor-geral do Inca enfatiza que o protocolo do instituto está de acordo com a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer: "A informação científica que temos hoje não é da opinião de um especialista, é da literatura médica, avaliada com o nível de evidência 1, meta-análise e estudo randomizado, que é o maior nível de evidência que se tem. Grande parte dos trabalhos não conseguiu mostrar nenhum aumento de sobrevida na faixa dos 40 aos 50 anos. Só houve aumento de sobrevida na faixa de 50 a 69 anos."

Roberto Gil explica por que esses estudos consideram que os 50 anos são a idade certa para o início do rastreamento na população em geral: "Não estamos negando que mulheres abaixo de 50 anos tenham câncer de mama. Estamos falando que, abaixo dos 50 anos, acumulam-se outros problemas e o rastreamento populacional é menos eficiente. A mamografia é um exame de raio X, que vai ser mais efetivo na medida que a mama seja menos densa e que se tenha mais contraste na imagem, para não se confundir o parênquima normal com um nódulo. Então [antes dessa idade], aumenta muito mais a possibilidade de ter falsos positivos e ter que fazer mais exames. Posso fazer uma biópsia e ser mais difícil interpretar e levar a uma cirurgia desnecessária."

O médico afirma também que a mudança da faixa etária pode atrapalhar o rastreamento da população atualmente incluída. "Hoje, 30% das mulheres brasileiras nunca fizeram uma mamografia. Então, para dar um exemplo, seria como se eu estivesse fazendo um salto em altura. Eu botei o meu sarrafo em 2 metros e não estou conseguindo pular. A minha próxima medida vai ser tentar melhorar e treinar muito para pular os 2 metros, ou elevar o sarrafo para 2,50?"

A mastologista Rosemar Rahal, porém, ressalta que o aumento da demanda não seria um problema por si só. "No Brasil, não temos déficit de aparelho de mamografia, temos déficit de mamografias. O aparelho está lá, mas não é usado. E aí tem uma série de questões que vêm à tona. Talvez esse exame não seja solicitado, ou quando é solicitado a paciente não faz por medo do exame e do diagnóstico. A nossa questão não é de falta de equipamento, a nossa questão é de comunicação."

Cobertura

Quando a discussão chegou às redes sociais, muitos usuários começaram a dizer que a ANS pretendia mudar as regras de cobertura, impedindo mulheres mais jovens de fazer a mamografia pelos planos A agência esclareceu que os critérios do manual se referem apenas ao programa de certificação, que é de adesão voluntária das operadoras, e não tem nenhuma relação com o chamado rol obrigatório: uma lista com todas as consultas, exames, cirurgias e tratamentos que as operadoras devem cobrir.

Atualmente, o rol garante direito à mamografia bilateral para mulheres de qualquer idade, conforme indicação médica, e mamografia digital, dos 40 aos 69 anos. Até a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República divulgou nota enfatizando que os planos de saúde não podem negar mamografia, sob pena de multa.

Mesmo assim, a mastologista Rosemar Rahal teme que a adoção do manual com a redação atual possa embasar negativas de cobertura por parte dos planos de saúde: "Se a Agência Nacional coloca um selo de qualidade e considera como qualidade realizar mamografia a partir dos 50 anos, de 2 em 2 anos, toda a saúde suplementar vai considerar aquilo como ideal. O que a gente acredita é que, se o documento for publicado desse jeito, os planos de saúde vão assumir isso como regra."

Na segunda-feira (27), a ANS realizou reunião com representantes de diversas entidades médicas para esclarecer dúvidas sobre a consulta pública e concedeu prazo de 30 dias para que s apresentem os estudos científicos e dados técnicos que embasam o pedido de mudanças nos critérios de rastreamento. Além disso, a ANS recebeu mais de 63 mil contribuições por meio da consulta pública e informou que vai analisar todas as propostas recebidas. 

Últimas Notícias

Descrição da imagem

Política • 14:28h • 24 de agosto de 2025

Embaixada dos EUA exige perfis abertos em redes sociais para concessão de vistos F, M e J

Medida afeta solicitantes de vistos F, M e J, obrigando-os a abrir perfis pessoais, o que especialistas apontam como violação de privacidade e conflito direto com a legislação brasileira de proteção de dados

Descrição da imagem

Ciência e Tecnologia • 14:21h • 24 de agosto de 2025

Farmacêutico cria inteligência artificial para guiar pacientes oncológicos na medicação

Ferramenta criada por farmacêutico residente melhora acesso a informações sobre medicamentos e efeitos colaterais

Descrição da imagem

Responsabilidade Social • 13:38h • 24 de agosto de 2025

Projeto Inova Sênior pretende reintegrar engenheiros 60+ ao mercado de trabalho

Projeto, criado por egressos da Escola Politécnica da USP e do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), une inteligência artificial, governança ambiental, social e corporativa para valorizar o capital intelectual brasileiro de uma parte da população

Descrição da imagem

Saúde • 13:01h • 24 de agosto de 2025

Suplementos alimentares têm 188 milhões de buscas em um ano no Brasil

Principais dúvidas envolvem efeitos no organismo, consumo em jejum e interação com medicamentos

Descrição da imagem

Economia • 12:50h • 24 de agosto de 2025

Como economizar no supermercado em Assis em meio à alta nos preços dos alimentos

Inflação global e nacional pressiona os lares, mas especialistas indicam estratégias que podem ser aplicadas também no dia a dia dos consumidores assisenses

Descrição da imagem

Educação • 12:16h • 24 de agosto de 2025

Candidatos das Fatecs podem pedir isenção ou desconto na taxa até 12 de setembro

Serão oferecidas 6 mil isenções de pagamento; para redução do valor, não há limite de oferta e o valor integral da taxa é de R$ 47

Descrição da imagem

Ciência e Tecnologia • 11:48h • 24 de agosto de 2025

Conheça as áreas da tecnologia que mais contratam mulheres no Brasil em 2025

Estudo mostra quais áreas mais contratam mulheres e como a diversidade tem se tornado fator decisivo de inovação e competitividade

Descrição da imagem

Mundo • 11:14h • 24 de agosto de 2025

Corpo de Bombeiros de SP cria guia sobre prevenção a incêndios em áreas rurais

Roteiro foi desenvolvido em colaboração com a Secretaria da Agricultura para auxiliar moradores com os procedimentos que devem ser tomados antes, durante e depois de uma ocorrência

As mais lidas

Ciência e Tecnologia

Como se preparar para o primeiro apagão cibernético de 2025

Especialistas alertam para a necessidade de estratégias robustas para mitigar os impactos de um possível colapso digital

Descrição da imagem

Cultura e Entretenimento

Quanto seria o ingresso se o show de Lady Gaga fosse pago?