Ciência e Tecnologia • 19:40h • 30 de junho de 2025
Pesquisa com participação da Unesp propõe nova explicação para a formação de Mercúrio
Estudo publicado na Nature Astronomy indica que colisão lenta entre corpos de massa similar pode ter moldado o planeta mais enigmático do Sistema Solar
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Unesp | Foto: Divulgação

Um estudo internacional publicado na revista Nature Astronomy apresentou uma nova hipótese para explicar a formação de Mercúrio, o menor e mais denso dos planetas rochosos do Sistema Solar. Entre os autores estão pesquisadores da Unesp, do Observatório Nacional, da Universidade de Paris e da Universidade de Tübingen (Alemanha), que usaram simulações para testar cenários de colisões planetárias.
Diferente de hipóteses anteriores que sugeriam impactos violentos ou múltiplas colisões com corpos muito maiores, o novo trabalho aponta para um evento mais plausível: uma colisão lenta e de raspão (hit-and-run) entre dois protoplanetas de tamanho semelhante. Essa colisão teria ocorrido há cerca de 4,5 bilhões de anos, durante os estágios finais da formação do Sistema Solar.
Segundo os pesquisadores, Mercúrio possui características únicas: cerca de 70% de sua massa está concentrada em seu núcleo metálico, enquanto o manto rochoso, muito menor, indica que parte significativa foi perdida. Modelos anteriores exigiam condições extremas e raras para explicar essa perda de manto, enquanto o novo estudo mostra que uma colisão oblíqua e relativamente suave poderia ter removido parte do manto original em um evento de cerca de 35 horas.
Composição com uma imagem das cores reais de Mercúrio (esquerda) com uma fotografia registrada pela missão MESSENGER da Nasa (direita), na qual diferentes cores foram combinadas para distinguir os minerais na superfície do planeta | NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington
As simulações demonstraram que um protoplaneta com cerca de 0,2 massas terrestres passando de raspão por um proto-Mercúrio com 0,13 massas terrestres seria capaz de explicar a estrutura atual do planeta, inclusive sua proporção incomum de núcleo e manto. Os autores ressaltam que esse tipo de colisão era mais comum no ambiente dinâmico do Sistema Solar primitivo e não exigiria órbitas ou massas altamente específicas.
Para Rafael Sfair, docente da Faculdade de Engenharia e Ciências da Unesp em Guaratinguetá e coautor do estudo, o trabalho oferece uma explicação mais realista para o chamado “problema de Mercúrio”, ou seja, a dificuldade de entender como ele perdeu parte significativa de seu manto. Patrick Franco, primeiro autor do artigo e ex-aluno da Unesp, destaca que os resultados reforçam a importância de modelos detalhados para entender a evolução planetária, mostrando que colisões lentas eram mais relevantes do que se imaginava.
Além de desvendar parte do passado de Mercúrio, a pesquisa amplia o conhecimento sobre os processos de formação planetária em sistemas solares, sugerindo que colisões hit-and-run podem ter desempenhado papel importante na configuração de outros corpos rochosos.
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