Saúde • 14:49h • 15 de outubro de 2025
Pesquisa da Fenae revela alta incidência de assédio organizacional na Caixa Econômica Federal
Levantamento encomendado pela Fenae ouviu 3.820 empregados e revela relação direta entre assédio organizacional, adoecimento mental e uso de medicação controlada
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Fenae | Foto: Divulgação

Uma pesquisa nacional encomendada pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) revelou um dado alarmante: quase metade dos empregados da Caixa Econômica Federal já sofreu ou testemunhou ameaça de perda de função e sobrecarga de trabalho, consideradas as principais formas de assédio organizacional dentro da instituição financeira.
O estudo, conduzido pela Acerte Pesquisa e Comunicação, foi realizado entre junho e julho deste ano com 3.820 empregados, entre ativos e aposentados, e teve como objetivo avaliar riscos psicossociais, condições de trabalho e impactos à saúde dos trabalhadores da Caixa.
Os resultados mostram que a sobrecarga de trabalho é a prática assediadora mais comum no banco: 46% afirmaram ter sido vítimas diretas e 67% vítimas ou testemunhas da situação. Já a ameaça de perda de função aparece entre as mais recorrentes nas vivências indiretas (testemunhadas).
De acordo com o levantamento, as práticas de sobrecarga e ameaça de descomissionamento aumentam em quase duas vezes o risco de uso de medicação controlada e de diagnósticos psiquiátricos. Entre os bancários que sofrem com sobrecarga de trabalho, o percentual de uso de medicação sobe de 18,5% para 39,7%. No total, 32% dos empregados afirmam fazer uso de medicamentos de controle por motivos relacionados ao trabalho — sendo que cerca de 10% dessa medicalização estaria associada diretamente a práticas de assédio.
Para o presidente da Fenae, Sergio Takemoto, os dados confirmam uma realidade já denunciada há anos pelo movimento sindical. “A pressão por metas, somada ao medo constante de descomissionamento, tem afetado a saúde mental dos empregados. A direção da Caixa ignora o sofrimento dos trabalhadores e, ao mesmo tempo, impõe reajustes no Saúde Caixa que tornam o tratamento quase inviável. É urgente repensar a gestão do trabalho e garantir condições dignas de saúde e atendimento”, reforça.
Mesmo com o aumento do adoecimento mental, o número de afastamentos permanece baixo: 41% dos empregados nunca se afastaram, e entre os que se afastaram, 82% não emitiram o Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT). Desses, 37% alegaram medo de retaliação. Os dados sugerem que muitos continuam trabalhando doentes, o que dificulta o reconhecimento do problema e o desenvolvimento de políticas efetivas de prevenção.
Funções mais afetadas
Os gerentes e os Técnicos Bancários Novos sem Função (TBN S/Função) estão entre os mais expostos à sobrecarga de trabalho, com 69% e 68%, respectivamente. Mesmo os bancários com função incorporada registraram índices elevados de exposição (63%). O padrão se repete em todas as áreas do banco, com pelo menos seis a cada dez empregados relatando vivência direta ou indireta de assédio organizacional.
A pesquisa também indica que mulheres e trabalhadores mais jovens são os grupos mais vulneráveis a essas práticas. Além da sobrecarga, os entrevistados citaram com frequência a retirada de autonomia, a vigilância excessiva e a comunicação desrespeitosa como fatores que agravam o ambiente de trabalho.
Para a Fenae, os resultados reforçam a necessidade de políticas estruturadas de saúde mental e prevenção ao assédio moral, com mecanismos de denúncia, acompanhamento psicológico e reorganização da gestão.
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