Variedades • 18:28h • 13 de julho de 2025
Por que repetimos padrões que nos fazem sofrer?
Psicólogo Jair Soares explica como a repetição inconsciente perpetua dores antigas e aponta caminhos para romper o ciclo
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Lara Assessoria | Foto: Divulgação

Relacionamentos que terminam sempre do mesmo jeito, decisões que geram frustrações já conhecidas e comportamentos nocivos que se repetem mesmo quando sabemos o quanto doem. Segundo o psicólogo e pesquisador Jair Soares, fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT), essas situações não são coincidências nem apenas "má sorte", mas reflexos de um mecanismo chamado repetição inconsciente.
Discutido desde Freud, o conceito descreve a tendência humana de, sem perceber, buscar situações emocionais familiares, mesmo que negativas. “A mente repete o que conhece, ainda que isso provoque sofrimento. Reviver padrões é uma forma inconsciente de tentar resolver feridas antigas. Mas, sem um processo terapêutico, a tendência é que a dor se repita, não que se resolva”, explica Soares, que é doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores (UFLO), na Argentina.
A infância como origem dos roteiros internos
De acordo com o especialista, essas repetições têm raízes em experiências da infância — vínculos mal elaborados, episódios de rejeição, abandono ou desvalorização que moldam como o sujeito se relaciona com o mundo. Esses registros emocionais não desaparecem com o tempo. “Eles viram roteiros internos que orientam nossas escolhas. É o cérebro buscando segurança no conhecido, mesmo que esse conhecido seja um relacionamento abusivo ou um comportamento autossabotador”, pontua.
Segundo Soares, a repetição inconsciente funciona como um mecanismo de defesa. Ao reviver o padrão, mesmo doloroso, a mente tenta manter a previsibilidade. “O cérebro associa o conhecido à segurança, ainda que essa segurança seja a certeza de que haverá dor”, complementa.
Uma abordagem para romper o ciclo
Para enfrentar essas repetições, o IBFT utiliza a Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), método desenvolvido por Jair Soares. A proposta vai além da análise racional dos problemas e busca reorganizar memórias emocionais que sustentam os padrões. “Não tentamos ensinar o paciente a agir diferente. Nosso foco é trabalhar os registros emocionais que alimentam esses ciclos. Quando isso é feito com segurança, o impulso repetitivo simplesmente perde o sentido”, explica.
A abordagem tem mostrado resultados significativos na redução de sintomas relacionados à ansiedade, depressão, compulsões e padrões relacionais tóxicos. “O primeiro passo para romper um ciclo é reconhecer que ele existe. O segundo é entender que, por trás de toda repetição, há um pedido não ouvido. Repetimos não porque gostamos de sofrer, mas porque algo dentro de nós ainda espera ser cuidado”, afirma Soares.
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