Saúde • 13:01h • 21 de maio de 2025
Protonterapia pode revolucionar o tratamento do câncer no Brasil e reduzir sequelas
Terapia de alta precisão já é realidade em países como Estados Unidos, Espanha e Argentina, mas ainda não está disponível no Brasil; veja como funciona e quais são os desafios para sua implantação
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Tractebel | Foto: Divulgação

Imagine um tratamento que atinge o câncer com extrema precisão, preservando os tecidos saudáveis e reduzindo significativamente os efeitos colaterais. Essa é a proposta da protonterapia, uma tecnologia já consolidada em países como Estados Unidos, Espanha e Argentina, mas que ainda não está disponível no Brasil.
A técnica representa um avanço significativo em relação à radioterapia convencional. Enquanto os raios X liberam energia ao longo de todo o trajeto no corpo, os prótons concentram sua carga máxima diretamente no tumor, um fenômeno conhecido como pico de Bragg. Isso permite destruir as células cancerígenas com mais eficiência e segurança, reduzindo os danos colaterais.
“A protonterapia é especialmente indicada para tumores pediátricos, próximos a órgãos sensíveis e em casos de reirradiação”, explica Paulo Coelho, Head de Nuclear da Tractebel América do Sul. “Além de melhorar as taxas de cura, ela oferece mais qualidade de vida durante e após o tratamento.”
O mundo já adota e o Brasil ainda espera
Nos Estados Unidos, há mais de 40 centros de protonterapia em operação, financiados por parcerias público-privadas e amplamente cobertos pelo sistema público Medicare e seguros privados. Na Espanha, foram implantados dez centros públicos, acelerando o acesso da população à tecnologia.
Na América Latina, a Argentina se destacou ao construir o Centro Argentino de Protonterapia (CeArP), com início de operação previsto para junho de 2025. É um projeto público, integrado ao sistema de saúde argentino, que beneficiará centenas de pacientes por ano.
Enquanto isso, no Brasil, projetos começam a sair do papel. A Unicamp, em parceria com o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), e a cidade de Maricá (RJ), em conjunto com a Fundação Educacional Severino Sombra (FUSVE), são iniciativas que visam criar os primeiros centros do país. A proposta é que o serviço seja integrado ao SUS, priorizando crianças e casos complexos.
Desafio ou oportunidade?
O principal entrave é o custo. Implantar um centro de protonterapia demanda investimentos entre US$ 50 milhões e US$ 60 milhões, além de obras de alta complexidade. No entanto, especialistas argumentam que o retorno social e econômico compensa, já que o tratamento reduz complicações, internações, sequelas e tratamentos futuros.
Estudos mostram que um centro pode atender até 400 pacientes por ano, e seus equipamentos possuem vida útil de até 30 anos. Além de tratar, esses centros se tornam polos de pesquisa e desenvolvimento, como já ocorre na Argentina.
Além disso, há ganhos econômicos indiretos: menos sequelas, menos afastamentos, menor demanda por reabilitação e menor impacto sobre o sistema público de saúde.
O futuro da oncologia no Brasil
O avanço da protonterapia no Brasil não é apenas uma questão de tecnologia, mas de decisão política e investimentos sustentáveis. A adoção desse modelo, como já fizeram Espanha e Argentina, pode transformar o cuidado oncológico no país, oferecendo tratamentos mais seguros, eficazes e humanos, principalmente para crianças e pacientes em situações de alta complexidade.
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