Educação • 16:41h • 23 de novembro de 2025
Recorde de inscritos 60+ no Enem aponta nova fase das carreiras na maturidade
Brasil registra mais de 17 mil candidatos com 60 anos ou mais e consolida movimento de reinvenção profissional
Jornalista: Luis Potenza MTb 37.357 | Com informações da Assessoria | Foto: Arquivo/Âncora1
O recorde de 17.192 inscritos com 60 anos ou mais no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) revelou uma mudança estrutural no mercado de trabalho e no conceito de carreira. Segundo dados do IBGE, o número de trabalhadores acima dessa faixa etária cresceu 76% desde 2012, totalizando 8,6 milhões de pessoas. O avanço evidencia que a aposentadoria tradicional vem cedendo espaço para um novo ciclo profissional, marcado por reinvenção, propósito e, em muitos casos, pela necessidade de complementar a renda.
O aumento expressivo de candidatos 60+ no Enem indica que a educação formal se tornou um caminho não apenas de realização pessoal, mas de reposicionamento profissional. Para especialistas em carreira, esse movimento reflete um conjunto de fatores econômicos e comportamentais. A avaliação é de que muitos buscam alternativas para reforçar o orçamento mensal, enquanto outros desejam cumprir objetivos antigos, ingressar em áreas mais alinhadas a seus valores ou permanecer ativos social e cognitivamente.
A psicóloga e consultora de RH Bia Tartuce avalia que o fenômeno é multifatorial e sinaliza uma mudança de mentalidade. Ela observa que, além das demandas financeiras, há um número crescente de pessoas maduras interessadas em iniciar uma nova etapa profissional com propósito, longe da ideia de que envelhecer significa reduzir expectativas. Na análise da especialista, a procura pelo Enem demonstra que esses profissionais buscaram qualificação para um novo ciclo real de carreira, não apenas para passar o tempo.
Mesmo em um mercado ainda marcado por práticas etaristas, a maturidade tende a se fortalecer como diferencial competitivo. Experiência acumulada, inteligência emocional, resiliência e visão estratégica aparecem como atributos valorizados em um ambiente de trabalho que demanda capacidade de adaptação e tomada de decisão. Bia Tartuce destaca que essas habilidades socioemocionais, frequentemente chamadas de soft skills, são justamente as mais procuradas pelas empresas.
Segundo a consultora, em vez de minimizar a idade, o profissional deve enfatizar como sua trajetória o torna apto para lidar com problemas complexos, orientar equipes e agregar visão de longo prazo. Essa abordagem contribui para reposicionamento no mercado e amplia as possibilidades para além do modelo tradicional de emprego.
As portas que se abrem para o público 60+ também passam por novos formatos de atuação. Consultorias independentes, empreendedorismo e trabalhos no terceiro setor estão entre os caminhos mais comuns. A transição costuma envolver a transformação da experiência acumulada em serviços especializados ou em negócios próprios, muitas vezes alinhados a valores pessoais e engajamento social.
A especialista reforça que a mudança de carreira após os 60 exige coragem e planejamento. O ponto de partida, segundo ela, é enfrentar a barreira interna da sensação de que "é tarde demais". Atualização tecnológica, cursos de capacitação e construção de redes profissionais foram citados como etapas essenciais para sustentar a nova fase. Na visão da consultora, a maturidade profissional não representa uma reta final, mas sim o início de um segundo ato que pode ser tão relevante quanto o primeiro.
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