Ciência e Tecnologia • 09:15h • 11 de outubro de 2025
Soro da Unesp contra picadas de abelhas entra na fase final de testes com apoio do Ministério da Saúde
Desenvolvido com tecnologia 100% nacional, o soro contra envenenamento por abelhas africanizadas deve atender uma lacuna histórica no SUS. A última etapa de estudos clínicos vai envolver até 200 pacientes
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência SP | Foto: Arquivo Âncora1
Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) receberam R$ 20 milhões do Ministério da Saúde para iniciar a fase final de testes do soro antiapílico, usado no tratamento de envenenamento por abelhas africanizadas (Apis mellifera). O projeto é conduzido pelo Centro de Ciência Translacional e Desenvolvimento de Biofármacos (CTS), um Centro de Ciência para o Desenvolvimento (CCD) da Fapesp.
Com tecnologia 100% nacional, o biofármaco começou a ser desenvolvido há mais de dez anos por cientistas do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap), no campus de Botucatu, também com apoio da Fapesp.
As abelhas africanizadas, resultado do cruzamento entre espécies africanas e europeias, são hoje as mais comuns no país. Responsáveis pela maior parte da produção de mel, também estão por trás de milhares de acidentes. Entre 2013 e 2023, o Brasil registrou mais de 206 mil casos de picadas, com 649 mortes diretas e 50 indiretas.
“Hoje não existe na rede de saúde um antídoto específico para esses acidentes. O tratamento padrão usa apenas medicamentos para dor e inflamação, o que aumenta o risco de casos graves e até fatais”, explica Rui Seabra Ferreira Jr., coordenador-executivo do Cevap.
Produzido desde 2009, o soro é obtido a partir da inoculação gradual do veneno de abelhas em cavalos, processo que estimula a produção de anticorpos. Após a coleta e purificação do plasma, o material é transformado na formulação final do medicamento.
Em 2016, o Cevap, em parceria com o Instituto Vital Brazil e o Instituto Butantan, realizou testes clínicos de fase 1/2 em pacientes com até 2 mil picadas, comprovando a segurança e eficácia preliminar do produto.
Com a nova etapa financiada pelo Ministério da Saúde, serão testados entre 150 e 200 pacientes. A conclusão dos estudos permitirá solicitar o registro do soro na Anvisa e, em seguida, viabilizar sua produção para o Sistema Único de Saúde (SUS).
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