Mundo • 08:42h • 14 de maio de 2025
Taxa de homicídio cai, mas violência matou 45,7 mil no Brasil em 2023
De cada 100 casos, 71 foram por arma de fogo, revela Atlas
Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações de Agência Brasil | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A violência tirou a vida de 45.747 pessoas no Brasil em 2023, o que representa uma média de 125 mortes por dia, segundo dados do Atlas da Violência 2025, divulgado na segunda-feira (13) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Apesar do número elevado, houve queda de 1,4% em relação a 2022, quando foram registrados 46.409 homicídios.
O estudo acompanha a evolução da violência desde 2013 e aponta uma redução de 20,3% no total de homicídios ao longo da última década. Naquele ano, foram contabilizadas 57.396 mortes, e o pior ano do período foi 2017, com 65.602 assassinatos. O número mais baixo havia sido em 2019, com 45.503 registros, marca que se aproximou novamente em 2023.
Evolução anual do número de homicídios no Brasil:
- 2013: 57.396
- 2014: 60.474
- 2015: 59.080
- 2016: 62.517
- 2017: 65.602
- 2018: 57.956
- 2019: 45.503
- 2020: 49.868
- 2021: 47.847
- 2022: 46.409
- 2023: 45.747
Com o crescimento da população brasileira, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes é um indicador mais preciso para entender a evolução da violência. Em 2023, essa taxa foi de 21,2, a menor registrada nos últimos 31 anos.
Evolução da taxa de homicídios por 100 mil habitantes:
- 2013: 28,8
- 2014: 30,1
- 2015: 29,1
- 2016: 30,6
- 2017: 31,8 (maior da série)
- 2018: 27,9
- 2019: 21,7
- 2020: 23,6
- 2021: 22,5
- 2022: 21,7
- 2023: 21,2
Segundo o coordenador do estudo, Daniel Cerqueira, essa tendência de queda é explicada por dois fatores principais. O primeiro é o envelhecimento da população, já que os jovens estão mais frequentemente envolvidos em situações de violência, tanto como vítimas quanto como autores. O segundo é o avanço de uma chamada “revolução invisível” nas políticas públicas de segurança, com maior uso de planejamento, dados e inteligência policial.
“Trata-se da menor taxa de homicídios que o Brasil atingiu desde 1992. É uma mudança estrutural”, avalia Cerqueira.
Armas de fogo continuam sendo maioria nos homicídios
Dos homicídios registrados em 2023, 32.749 foram cometidos com armas de fogo, o que representa 71,6% do total. A taxa nacional para esse tipo de crime foi de 15,2 por 100 mil habitantes.
Estados com as maiores taxas de homicídios por arma de fogo em 2023:
- Amapá: 48,3
- Bahia: 36,6
- Pernambuco: 30,8
Estados com as menores taxas:
- São Paulo: 3,4
- Santa Catarina: 4,4
- Distrito Federal: 5,3
- Minas Gerais: 8,3
O relatório alerta para a fragilidade na fiscalização do armamento no país e afirma que há relação direta entre o aumento da circulação de armas e o crescimento da violência letal.
Diferenças entre estados
Em 2023, 20 unidades da federação registraram taxas de homicídio acima da média nacional. Os destaques negativos foram:
- Amapá: 57,4 por 100 mil habitantes
- Bahia: 43,9
- Pernambuco: 38
Entre os sete estados com taxas inferiores à média, os menores índices foram:
- São Paulo: 6,4
- Santa Catarina: 8,8
- Distrito Federal: 11
O levantamento destaca que 11 estados vêm reduzindo sistematicamente a taxa de homicídios nos últimos oito anos: Pará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba e São Paulo.
No sentido contrário, o Amapá registrou um aumento de 88,2% nas mortes por homicídio entre 2013 e 2023.
Homicídios ocultos e taxa real
O Atlas também identifica os chamados “homicídios ocultos” — casos que, por falhas de registro, não entram nas estatísticas oficiais. Entre 2013 e 2023, estima-se que 51.608 homicídios não tenham sido oficialmente registrados, uma média de 4.692 por ano.
Com esses dados, a taxa real estimada de homicídios no Brasil em 2023 seria de 23 por 100 mil habitantes — ainda a mais baixa desde 2013, mas acima da taxa oficial (21,2). Em 2017, esse índice estimado chegou a 33,6.
Essa metodologia altera o cenário de estados como São Paulo, que em 2023 deixou de contabilizar 2.277 homicídios, segundo os pesquisadores. Com isso, a taxa real no estado passaria de 6,4 para 11,2 por 100 mil habitantes, fazendo com que Santa Catarina (com 9 por 100 mil) assuma o posto de estado mais seguro do país.
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