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Saúde • 16:50h • 29 de setembro de 2025

Tecnologia vestível pode ser aliada na recuperação de lesões no joelho em atletas

Ao coletar dados biomecânicos praticamente em tempo real, equipamento auxilia treinadores a avaliar se o indivíduo lesionado está apto a retornar aos treinos

Agência SP | Foto: Governo de SP

Utilizando sensores de movimento fixados na pelve, coxas, canelas, pés, além de palmilhas com medidores de pressão, os pesquisadores analisaram, com alta precisão, como o corpo dos atletas reagia a movimentos típicos do futebol
Utilizando sensores de movimento fixados na pelve, coxas, canelas, pés, além de palmilhas com medidores de pressão, os pesquisadores analisaram, com alta precisão, como o corpo dos atletas reagia a movimentos típicos do futebol

As lesões no joelho representam uma das maiores ameaças à longevidade da carreira de atletas de alto rendimento, sobretudo no futebol profissional. Entre elas, a ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) se destaca como uma das mais temidas – não tanto pela frequência, mas pela gravidade e o longo período de recuperação exigido após a cirurgia, fatores que podem marcar decisivamente o futuro do jogador.

Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EEFERP-USP), com apoio da Fapesp, chama a atenção para aspectos ainda pouco discutidos dentro do processo de recuperação e traz à tona um alerta: o tempo de reabilitação após a cirurgia pode não ser suficiente para garantir que o atleta esteja de fato pronto para retornar ao campo. Os resultados foram publicados na revista científica Knee Surgery, Sports Traumatology, Arthroscopy.

Segundo os pesquisadores, é essencial que a articulação volte a suportar forças e cargas com eficiência, ou seja, que a função biomecânica do joelho seja plenamente restabelecida – e o trabalho demonstrou que isso nem sempre acontece dentro do prazo. O processo de reabilitação do movimento exige uma reaprendizagem motora complexa, que foi avaliada pelo grupo com mais precisão por meio do uso de tecnologias vestíveis (ou wearable technology, em inglês), dispositivos eletrônicos que são acoplados ao corpo para captar dados biomecânicos em tempo real.

“As lesões no ligamento cruzado têm um impacto enorme no futebol. Quando um atleta sofre esse tipo de lesão, ele fica afastado dos campos por cerca de um ano. Isso gera uma preocupação significativa, especialmente no esporte profissional, pois envolve não só um grande investimento e uma logística complexa do clube para lidar com a ausência do jogador, mas também o aspecto emocional do próprio atleta, que deseja retornar às atividades o quanto antes”, destaca Paulo Roberto Santiago, orientador do estudo.

Teste de corrida com mudança de direção

Para chegar aos resultados, um experimento foi realizado com 26 jogadores da elite do futebol do Catar: 10 deles haviam sido submetidos à cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior e os outros 16 formavam o grupo-controle, sem histórico de lesões. Todos os atletas passaram por uma bateria de testes de movimento em campo.

Utilizando sensores de movimento fixados na pelve, coxas, canelas, pés, além de palmilhas com medidores de pressão, os pesquisadores analisaram, com alta precisão, como o corpo dos atletas reagia a movimentos típicos do futebol – entre eles uma mudança abrupta de direção em 90 graus, que exige desaceleração e torque articular (ou seja, o esforço que faz um corpo ou parte dele girar em torno de um ponto de pivô ou eixo, como as articulações do corpo), sendo um dos momentos mais críticos para o joelho.

Os resultados chamaram a atenção dos pesquisadores. Quando eles analisaram o tempo para execução da tarefa, atletas operados e não operados tiveram desempenhos semelhantes na mudança de direção para direita e esquerda – levando em consideração a comparação do atleta com ele mesmo. No entanto, os sensores revelaram que aqueles atletas que passaram pela cirurgia apresentavam alterações sutis, mas significativas, na mecânica do movimento. A perna lesionada mostrava menor flexão de joelho e aplicava menos força durante a execução da manobra, mesmo após nove meses de reabilitação.

“O tempo de execução da tarefa era praticamente o mesmo nos dois lados do corpo. Isso levaria qualquer técnico ou profissional de reabilitação a acreditar que o jogador está apto para retornar. Mas os sensores mostraram outra realidade. Detectamos menor flexão no joelho da perna operada, além de menor força aplicada. Isso indica que, mesmo recuperado clinicamente, o atleta ainda apresenta um padrão de movimento compensatório, o que pode aumentar o risco de nova lesão”, explica Santiago.

Essas adaptações compensatórias, segundo João Belleboni Marques, profissional de educação física e autor principal do estudo, são respostas inconscientes do corpo, que tenta proteger a articulação operada durante movimentos de alta carga.

“Observamos menor ângulo de flexão no joelho ao executar a mudança de direção, o que indica menor capacidade de absorver impacto. Esse padrão está diretamente associado ao mecanismo de lesão do ligamento cruzado anterior”, conta. O problema é que essa compensação biomecânica pode, a longo prazo, sobrecarregar outras estruturas, como o joelho oposto, meniscos e cartilagens – aumentando o risco de lesões em outros locais.

Impacto na prática

Para Santiago, o estudo mostra que é preciso rever os critérios atualmente usados para liberar um atleta de volta aos treinos. “Hoje, o tempo que o jogador leva para completar uma tarefa ou o ganho de força muscular são os principais parâmetros para definir quem volta a campo. Mas essas evidências mostram que isso é insuficiente. Precisamos observar a qualidade do movimento. Só porque o atleta consegue correr ou saltar, não significa que está pronto para voltar ao jogo”, alerta.

Segundo ele, a abordagem mais criteriosa não elimina totalmente o risco de novas lesões, mas certamente ajuda a prolongar a vida útil do atleta. “Saber que existe uma assimetria entre os dois lados permite ao profissional de reabilitação trabalhar de forma mais direcionada. Não é possível garantir que o atleta não vá se machucar novamente, mas podemos controlar melhor os fatores de risco e talvez evitar que ele se lesione logo após o retorno”, afirmou o orientador do estudo.

Marques concorda e complementa: “Embora o desempenho em tempo na tarefa tenha sido recuperado, a estratégia de movimento ainda apresenta falhas. Esse padrão deficitário, muitas vezes causado por limitações na força excêntrica do quadríceps, precisa ser corrigido antes da volta definitiva aos campos”, diz o autor.

Outro ponto destacado pelos pesquisadores é o custo relativamente acessível das tecnologias utilizadas, especialmente quando se leva em consideração que envolveria investimento de grandes clubes. Embora ainda concentradas em centros de pesquisa e clínicas especializadas, essas ferramentas de tecnologias vestíveis devem, em breve, se popularizar entre clubes de futebol e outros esportes de alto rendimento.

“O melhor cenário é que o atleta volte o quanto antes, claro. Há todo um investimento e interesse em tê-lo disponível. Mas existe um ponto ideal entre o retorno rápido e o retorno seguro. É esse equilíbrio que a biomecânica pode ajudar a encontrar”, conclui Santiago.

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