• Incêndio florestal no Morro do Diabo deixa anta ferida e caso mobiliza Apass em Assis
  • Entenda como é formado o Conselho Municipal de Turismo de Assis
  • Florínea realiza audiências públicas para discutir orçamento municipal e investimentos nesta quarta
Novidades e destaques Novidades e destaques

Variedades • 13:40h • 15 de junho de 2025

Urnas funerárias descobertas no Amazonas revelam práticas indígenas ancestrais

No interior dos achados foram encontrados fragmentos de ossos humanos, peixes e quelônios, indicando práticas funerárias associadas a rituais e a alimentação

Jornalista: Carolina Javera MTb 37.921 com informações do Ministério da Ciência | Foto: Geórgea Holanda

O achado revelou sete urnas e no interior delas foram encontrados fragmentos de ossos humanos, peixes e quelônios, indicando práticas funerárias associadas a rituais e a alimentação.
O achado revelou sete urnas e no interior delas foram encontrados fragmentos de ossos humanos, peixes e quelônios, indicando práticas funerárias associadas a rituais e a alimentação.

Um conjunto de artefatos, encontrado sob raízes de uma árvore tombada em uma área de várzea no município de Fonte Boa (AM), pode ajudar a elucidar ainda mais como os povos originários da Região do Médio Solimões viviam. Os itens foram localizados em um sítio arqueológico identificado como Lago do Cochila, local que integra um conjunto de ilhas artificiais construídas por indígenas ancestrais há séculos ou milênios, em áreas alagáveis que foram elevadas artificialmente com terra e fragmentos de cerâmica para sustentar moradias e atividades sociais mesmo no período das cheias.

O achado revelou sete urnas e no interior delas foram encontrados fragmentos de ossos humanos, peixes e quelônios, indicando práticas funerárias associadas a rituais e a alimentação. A descoberta é fruto de uma parceria entre arqueólogos do Grupo de Pesquisa em Arqueologia e Gestão do Patrimônio Cultural da Amazônia do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, unidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; e membros das comunidades locais, em destaque a de São Lázaro do Arumandubinha.

De acordo com a pesquisadora do Mamirauá, Geórgea Layla Holanda, as urnas encontradas apresentaram características inéditas para a região. “São de grande volume, sem tampas cerâmicas aparentes, o que pode indicar o uso de materiais orgânicos para selamento, hoje já decompostos. Elas estavam enterradas a 40 cm de profundidade, provavelmente sob antigas casas”, detalha a pesquisadora.

A descoberta arqueológica só se tornou possível graças ao envolvimento direto da comunidade local. O manejador de pirarucu Walfredo Cerqueira foi o primeiro a perceber a importância do achado, após receber fotos de potes de cerâmica que haviam sido avistados por moradores quando uma árvore caiu e expôs suas raízes. Ao notar o potencial do material, Walfredo procurou o padre Joaquim Silva, que atua na Pastoral Carcerária de Tefé. O sacerdote, por sua vez, entrou em contato com o arqueólogo do Mamirauá Márcio Amaral, dando início ao planejamento da expedição ao sítio.

A pesquisa

A metodologia empregada no trabalho é considerada inovadora, tanto do ponto de vista técnico quanto social: a escavação foi realizada com participação ativa dos comunitários e exigiu adaptações logísticas complexas devido à localização remota e ao contexto fluvial da região.

“Essas ilhas artificiais são estruturas arqueológicas levantadas em áreas de várzea mais altas, com material removido de outras partes e misturado com fragmentos cerâmicos, intencionalmente posicionados para dar sustentação”, explica o arqueólogo Márcio Amaral. “É uma técnica de engenharia indígena muito sofisticada, que mostra um manejo de território e uma densidade populacional expressiva no passado”.

Devido às condições em que as urnas foram encontradas, as escavações precisaram ser feitas em uma estrutura elevada, construída com madeira e cipós pelas próprias comunidades locais. A complexidade do terreno exigiu uma abordagem inédita por parte da equipe.

“Nunca tínhamos escavado assim, a 3,20 m do chão, com a instalação de um dátum de elevação para controle estratigráfico. Foi um trabalho totalmente colaborativo e inédito”, afirmou Amaral.

O transporte das urnas até a sede do Instituto Mamirauá, em Tefé, também demandou um esforço logístico. A operação envolveu o uso de canoas, acampamentos temporários e métodos artesanais para garantir a proteção das peças. O município de Fonte Boa, onde os achados ocorreram, está a cerca de 190 km de Tefé em linha reta, mas a viagem pelo rio pode levar de 10 a 12 horas, dependendo das condições do curso d'água e da embarcação utilizada. Para complicar, o sítio arqueológico está localizado a várias horas da comunidade mais próxima, exigindo deslocamentos por igarapés e áreas alagadas.

Cerâmicas revelam horizonte cultural pouco conhecido

O material coletado está passando por análises e curadoria em laboratório, em Tefé. Os primeiros resultados indicam uma diversidade de cerâmicas que apontam para um horizonte ainda pouco conhecido no Alto Solimões. Entre os achados, destaca-se o uso de uma argila esverdeada rara, além de fragmentos com engobes e faixas vermelhas que, até o momento, não apresentam associação direta com tradições cerâmicas já conhecidas, como a Tradição Polícroma da Amazônia.

As descobertas ampliam o entendimento sobre a ocupação das áreas de várzea e evidenciam a complexidade cultural dos povos ancestrais, com práticas como o uso ritual de urnas, construção de ilhas artificiais e sepultamentos relacionados à alimentação. Essas evidências desafiam a ideia de que as várzeas eram ocupadas apenas de forma temporária, sugerindo uma presença contínua e adaptada ao ambiente. O trabalho, realizado em parceria com comunidades locais, mostra que o diálogo com os saberes tradicionais foi essencial. “Essa foi uma arqueologia de dentro para fora”, enfatizou o arqueólogo Márcio Amaral.

Últimas Notícias

Descrição da imagem

Educação • 18:45h • 27 de agosto de 2025

Pesquisa revela que mais de 80% dos universitários enfrentam dificuldades emocionais

Estudo aponta ansiedade, depressão e distúrbios do sono como principais sintomas; especialistas defendem cuidados integrados com corpo e mente

Descrição da imagem

Cultura e Entretenimento • 17:36h • 27 de agosto de 2025

Assis terá final de semana cultural com teatro e oficinas gratuitas no Galpão Cultural; veja a programação

Espetáculos e atividades começam no sábado e seguem até domingo no Galpão Cultural, oferecendo opções para toda a comunidade

Descrição da imagem

Gastronomia & Turismo • 17:09h • 27 de agosto de 2025

Conheça estações ferroviárias que compõem o patrimônio cultural do estado de São Paulo

Brás, Luz e Pindamonhangaba são algumas das emblemáticas estações dos transportes metropolitanos que são reconhecidas como patrimônio histórico

Descrição da imagem

Cultura e Entretenimento • 16:50h • 27 de agosto de 2025

Espetáculo “ELA” será apresentado no Centro Cultural de Maracaí nesta quinta-feira

Peça integra a campanha Agosto Lilás e aborda diferentes formas de violência contra a mulher, dando voz a histórias silenciadas

Descrição da imagem

Variedades • 16:11h • 27 de agosto de 2025

Especialista alerta: “não existe terapia com inteligência artificial”

No Dia do Psicólogo, neuropsicóloga reforça que máquinas não substituem o acompanhamento humano e que conselhos oferecidos por IA podem ser superficiais e prejudiciais

Descrição da imagem

Cidades • 15:49h • 27 de agosto de 2025

Prefeitura de Palmital abre inscrições para programa de estágio com bolsa de até R$ 828

Oportunidades são voltadas a estudantes de cursos técnicos e superiores, com carga horária flexível e auxílio-transporte

Descrição da imagem

Policial • 15:16h • 27 de agosto de 2025

Crescem denúncias de pedofilia online em SP; veja como relatar

Delegacia de Repressão à Pedofilia do DHPP chegou a receber em um único dia 50 chamados; média de ligações ao Disque 100 era de 15 denúncias por mês

Descrição da imagem

Economia • 14:38h • 27 de agosto de 2025

Buscas por desconto na conta de luz crescem quase 90% em meio à bandeira vermelha patamar 2

Levantamento da Bulbe Energia mostra que Centro-Oeste e Norte lideram procura por alternativas de economia, diante de tarifas entre as mais altas do país

As mais lidas

Ciência e Tecnologia

Como se preparar para o primeiro apagão cibernético de 2025

Especialistas alertam para a necessidade de estratégias robustas para mitigar os impactos de um possível colapso digital

Descrição da imagem

Cultura e Entretenimento

Quanto seria o ingresso se o show de Lady Gaga fosse pago?